Uma análise dos principais acontecimentos internacionais do ano.

Yasmin Garcia – Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da Unama.
O ano de 2021 foi marcado, majoritariamente, pelos reflexos dos danos causados pela pandemia de 2020. Dentre vários temas, a saúde, a economia e a política internacional devem ser mencionados e explanados.
Em primeiro plano, é inegável que os rastros deixados pela COVID-19 afetaram totalmente o sistema mundial, somados a crises humanitárias, econômicas e políticas ao redor do globo. Não obstante, na produção e distribuição de vacinas, ainda havia – e há – um ponto importante que dificulta até os dias atuais o controle da pandemia: o negacionismo científico.
O aumento das fake news colaborou para que o pensamento ignorante se disseminasse. Conforme Raimundo e Marques (2021):
“o discurso negacionista questiona o valor histórico do conhecimento científico, dos argumentos racionais e da experiência adquirida ao longo dos anos, ao defendera ideia de que todas as opiniões têm o mesmo valor.”
A exemplo disso, tudo supracitado contribui para que, no caso do Brasil, o país vivesse os meses mais letais da pandemia esse ano. (EL PAÍS, 2021) Mesmo com a distribuição de imunizantes, os que contestaram suas eficácias foram muitos, o que complexificou o tratamento e a diminuição de casos, tornando o primeiro semestre ainda mais difícil. Além disso, quase dois anos depois do início da crise sanitária, o Brasil conta com mais de 600 mil óbitos por Corona Vírus, de acordo com o jornal El País (2021).
Outrossim, a doença não afetou apenas a área da saúde. Como uma forma de entornar a conjuntura, percebe-se a ascensão quase repentina da economia especulativa. Os casos de Pandora Papers (ISTOÉ, 2021) e a queda prejudicial do Facebook, se relacionam a questões envolvendo a Bolsa de Valores e podem ser justificadas por esse tipo de economia.
Para a economia especulativa, o investimento de dinheiro gerará um lucro diretamente, sem precisar necessariamente do mercado ou do comércio para conseguí-lo, sendo o caso das Criptomoedas, dos sistemas de investimentos, das diversas aplicações nas Bolsas de Valores, etc.
No entanto, a instabilidade desse método pode ter consequências gravíssimas, sendo o que aconteceu com os dois casos referenciados. Por causa de uma falha na técnica em um período de “apenas” 6 horas, Mark Zurckberg perdeu aproximadamente US$ 7 bilhões de seu patrimônio, isso porque a crise da companhia no mercado financeiro o afetou diretamente, visto que ele é o principal acionista (G1, 2021).
Sob esse viés, é fulcral mencionar a tese do economista Ladislau Dowbor (2017), que aponta que o capitalismo, antes concorrencial, virou um oligopólio sistêmico, que vive com base na instabilidade – política, econômica e social – geral. Os Estados, conforme o economista, viraram reféns de bancos e centros de investimentos internacionais, que se usam da vulnerabilidade como instrumentos de controle político.
Estes agentes, que são, majoritariamente, ocidentais, vêm crescentemente dominando a economia e tornando-a um oligopólio sistêmico – onde apenas os bem sucedidos influenciam mais. Entretanto, é notável a instabilidade e as incertezas desse sistema, como explicado através das notícias ocorridas no segundo semestre, tanto de Pandora Papers como de Facebook.
Por fim, mas não menos importantes, as problemáticas geopolíticas movimentaram o cenário internacional nos últimos 6 meses do ano. Notou-se que a questão do Afeganistão provocou comoção global: após 20 anos no país, os Estados Unidos declararam a retirada de suas tropas do território, lá instaladas desde 2001, na caçada por Osama Bin Laden.
Contudo, esse movimento mostrou-se extremamente prejudicial ao Afeganistão, haja vista que o grupo terrorista do Talibã usou do momento de fragilidade para implantar seu governo e poder na região. No dia 31 de agosto, com o final da retirada das tropas estadunidenses, o grupo assumiu plenos poderes. A população afegã encarou as consequências desse ato com muito pesar: direitos retirados, pessoas morrendo e o caos político e social instalado no território. Portanto, observa-se os altos e baixos do ano tão tribulado de 2021. Porém, apesar disso, ainda pode-se ter a esperança de um mundo melhor, e esperar que, através de mudanças necessárias, 2022 possa trazer bons frutos para todas as áreas.
REFERÊNCIAS
[S.I.] Ações do Facebook caem com revelação de ex-funcionária que expôs empresa e queda nos serviçoS. G1: 2021. Disponível em <https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2021/10/04/acoes-do-facebook-caem-com-revelacao-de-ex-funcionaria-que-expos-empresa-e-queda-nos-servicos.ghtml>
[S.I.] Notícias sobre a pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo. El País: Brasil, 2021. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2021-10-29/noticias-sobre-a-crise-politica-e-da-covid-19.html >
AFP. O movimento Talibã no Afeganistão. Isto É: 2021. Disponível em <https://www.istoedinheiro.com.br/o-movimento-taliba-no-afeganistao-3/>
FELIX, Diego. Pandora Papers: sonegadores e empresários comandam offshores. Isto É: 2021. Disponível em <https://www.istoedinheiro.com.br/pandora-papers-sonegadores-e-empresarios-comandam-offshores/>
MARQUES, Ronualdo. RAIMUNDO, Jerry Adriano. O NEGACIONISMO CIENTÍFICO REFLETIDO NA PANDEMIA DA COVID-19. Boletim de Conjuntura: Boa Vista, 2021.