Christmas truce - Wikipedia

Peter Barauna, Leonidas Machado – 4º, Mateus Virgulino – 6º.

Para muitas pessoas o natal é uma época que carrega vários significados. O natal é visto como um momento de paz, união, solidariedade, amor e acolhimento uns com os outros, o que faz as pessoas terem momentos descontraídos e bons em situações fora do comum. Nesse sentido, a trégua ocorrida no natal de 1914 surge como um momento de conforto para os soldados, onde pôde ser visto relatos de paz e interação entre os participantes desse doloroso confronto.

A trégua começa a tomar forma dias antes do feriado de Natal de 1914 e foi fomentada por diversos setores da opinião pública mundial, como o mundo sindical, associações católicas e reivindicações feministas. O movimento tomou força quando um grupo de 101 sufragistas britânicas publicaram a Carta de Natal aberta, direcionada aos seus homólogos alemães e austríacos, com o objetivo de transmitir uma mensagem de paz, como resposta as cartas escritas pela feminista americana Carrie Chapman Catt, presidente da Aliança internacional pelo sufrágio feminino (SALVATORE, s/d).

“Não é nossa missão preservar a vida? A humanidade e o bom senso não nos levam a dar as mãos às mulheres de países neutros e exortar nossos governantes a continuarem com o derramamento de sangue? (…)Mesmo através do choque de armas, valorizamos a visão de nosso poeta, e já parecemos ouvir “Cem nações juram que haverá Piedade e paz e amor entre os bons e livres. ” Que o Natal feche esse dia (…) “. (Trechos das cartas de Carrie Chapman Catt,)

A manifestação das vozes do feminismo internacional alcançou ao mundo católico, fazendo  com que Papa Bento XV lançasse mais um apelo pela paz e promovesse uma trégua oficial entre os governos. No entanto, toda a mobilização ruiu com a recusa dos franceses e russos.

Mesmo com a recusa, durante o Natal daquela época, cerca de 100.000 soldados britânicos e alemães deram tréguas espontâneas na área de Ypres: oficiais de ranking baixo (desobedecendo ordens de cima) adotaram uma política de “viva e deixe viver”, onde os seus subordinados só atirariam caso fossem atirados também (BRITANNICA, 2021). Na manhã do natal, do dia 25 de 1914, soldados alemães saíram de suas trincheiras desarmados e logo depois outros soldados britânicos se juntaram aos soldados que dias atrás eram seus inimigos mortais. Como a censura de cartas ainda não estava implementada (a guerra havia começado há 5 meses priori do evento) várias fotos e registros escritos foram deixados pelos soldados que participaram da trégua informal.

Segundo o capitão britânico, Bruce Bairnsfather, pôde ser visto cânticos de natal, arvores decoradas e de forma contagiante, a troca de presentes como chocolate, chapéus, bebidas alcoólicas e conversas entre as partes desse grande conflito naquela noite. A trégua durou até a meia-noite do dia 26 de dezembro de 1914 (SALVATORE, s/d),entretanto, nem todos os fronts adotaram a trégua, e até certos oficiais tinham medo que acabariam com o “espirito de luta” de seus soldados, inclusive Adolf Hitler achou um absurdo seus companheiros se juntarem aos soldados britânicos, o que se pode ver em suas palavras: “Vocês não têm senso de honra alemão?” (BRITANNICA,2021).

 Ao longo da guerra outras tentativas de replicar os eventos de 1914 foram tentadas, entretanto, o alto comando dos exércitos foram bem claros das consequências que viriam para aqueles que desobedecem. A trégua natalina de 1914 foi um dos últimos resquícios de “cavalheirismo” durante o conflito e com certeza expôs que os motivos da guerra faltavam um caráter popular e certamente era centrado em interesses individuais imperialistas.

Ray, Michael. “Christmas Truce”. Encyclopedia Britannica, 17 Dec. 2021, https://www.britannica.com/event/The-Christmas-Truce. Accessed 27 December 2021.

SALVATORE, Francesca. La tregua di Natale tra leggenda e verita storica. s/d. Disponível em: https://www.academia.edu/34426042/La_tregua_di_Natale_tra_leggenda_e_verita_storica?source=swp_share. Acesso em: 26 dez. 2021.