Anaclara Franco (acadêmica do segundo semestre de RI da UNAMA)

Brenna Dias (acadêmica do segundo semestre de RI da UNAMA)

Gloria Jean Watkins, sendo mais conhecida com o pseudônimo “bell hooks”, foi uma escritora e ativista estadunidense que ficou mundialmente pelas suas obras feministas e antirracistas.

Nascida em 1952, na cidade de Hopkinsville, no sul dos Estados Unidos, Gloria era filha de um zelador e uma dona de casa. Quando começou a escrever suas obras  escolheu adotar o nome de sua bisavó como forma de homenageá-la, a escrita em minúsculo reflete a intenção de destacar o seu conteúdo, e não à figura da escritora.

Em 1981, hooks lançou “Ain’t I a Woman?; Black Woman and Feminism”, em um contexto de emergência do feminismo negro, ela e outras autoras inovaram o mercado escrito e relataram suas vivências de mulheres pretas convivendo com o feminismo, deixando de lado os estereótipos que eram empregados a mulheres pretas em decorrência de uma visão construída a base de escritoras brancas.

Hooks afirma que “ser forte diante da opressão não é o mesmo que superá-la”, nesse sentindo foi de extrema importância a publicação de Ain’t I a Woman? já que a partir dela, hooks começou a adquirir certa notoriedade e um número expressivo de leitores, além de suas ideias contribuírem para a inserção de mulheres pretas no mercado literário.

Bell hooks também influenciou no âmbito pedagógico através de sua obra “Ensinando a transgredir: A educação como pratica da liberdade”, ela abordou a educação norte americana e como está é marcada pelo racismo e possui uma base escravista envolvida, “para os negros, o lecionar – o educar – era fundamentalmente político, pois tinha raízes na luta antirracista” (p. 10), afirma hooks. Por meio da obra, a autora explicita o racismo nas escolas e expõe a dificuldade vivenciada no meio acadêmico, em um período de extrema luta do movimento negro nos Estados Unidos.

Ainda no âmbito educacional, a autora dedicou um capítulo de seu livro para Paulo Freire, filósofo e educador brasileiro. Compartilhando da visão de Freire, ela expressou que “Paulo foi um dos pensadores do qual o trabalho deu-me uma linguagem. Ele me fez pensar profundamente sobre a construção de uma identidade na resistência.”  (HOOKS, 1991, p.122).

A linguagem da autora era a do amor, convidando todos a refletirem e aprenderem com sua escrita, “Quando optamos por amar, optamos por nos mover contra o medo, contra a alienação e a separação, a escolha de amar é uma escolha para se conectar, para nos encontrar no outro.” (bell hooks, 2020).

A discussão do papel da mulher negra, com seus direitos e resistência na sociedade, contribuiu para ressignificar a relação de muitas mulheres com elas mesmas. Reconhecer sua importância, acreditar que podem amar e ser amadas, diante de um contexto de anos desacreditando isso. Assim, (MARINHO, 2020), cita (hooks, 2010, p.12) ao abordar essa questão “Quando nós, mulheres negras, experimentamos a força transformadora do amor em nossas vidas, assumimos atitudes capazes de alterar completamente as estruturas sociais existentes. […]Esse é o poder do amor. O amor cura.”.

Em 15 de dezembro de 2021, bell hooks faleceu aos 69 anos. O instituto bell hooks foi fundado com o intuito de promover incentivo ao estudo crítico e feministas, além de ser um acervo das contribuições de grandes intelectuais, artistas, escritores e afins.

Esse é apenas um exemplo do imenso legado que a autora deixou, a sua luta acerca da possibilidade de transformações sociais estará sempre presente naqueles que se identificam com sua visão e buscam dar continuidade nas lutas sociais.

 REFERÊNCIAS:

ARAUJO, Eliza de S. S. Professores e alunos em processo a de aprendizagem e de liberdade: A pedagogia engajada de bell hooks. Revista Ártemis , [S. l.], p. 147-148, 17 ago. 2016.

BELL hooks. [S. l.], 2019. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/bell-hooks/. Acesso em: 16 dez. 2021.

VIANA, Rubiana Nascimento. Raça, gênero e classe na perspectiva de bell hooks. Revista sociedade e cultura, [S. l.], p. 1-8, 14 abr. 2021.

DOS SANTOS, Ana Verônica Freire Monteiro et al. AMOR E RESISTÊNCIA–BELL HOOKS E A ESCRITA DO AMOR. Cadernos de Pesquisas Multidisciplinares sobre Corpo, Raça, Sexualidade e Gênero-CRSG, v. 2, n. 1, p. 64-76, 2020.

HOOKS, Bell. Paulo Freire. IN: HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013. P. 66.

HOOKS, Bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.