
Jhennyfer Gonçalves – Acadêmica do 8º semestre de Relações Internacionais da Unama.
Para o teórico clássico, Immanuel Kant (1724-1804), todos os homens devem levar em consideração a sua condição como membros da humanidade, quanto as decisões pessoais e políticas (REIS, 2006), para o autor os homens devem ter um comprometimento com a sociedade e nos problemas que estão presentes nela, assim, ele traz a ideia do cosmopolitismo para explicar as ações no meio social.
Sociedade é um dos conceitos mais usados pela Sociologia. A definição mais clara e rasa, se resume em: compor-se de um sistema complexo de relações sociais., que são organizadas de diferentes formas e podem se dar por várias instituições (MARX, ENGELS, 1848).Nesse sentido, dentro da sociedade as pessoas estabelecem muitas relações e desenvolvem muitos sentimentos, além do mais, é nela que os indivíduos desenvolvem a capacidade de participar democraticamente das políticas de seu Estado, ser solidários, contribuir para a estabilidade do ambiente em problemas que os afetam de forma coletivamente.
Nessa conjuntura, a filosofia cosmopolita kantiana traz explicações para as ações filantrópicas dos indivíduos, que promovem inúmeros trabalhos humanitários dentro do sistema internacional e participam ativamente nos problemas que os atingem. Eventualmente, de acordo com Boutros-Ghali (1992) a exclusividade da soberania cessou com o fim da Guerra Fria e condutas intervencionistas em Estados se tornaram cada vez mais comuns, principalmente por conta das crises e problemas sociais em seus territórios Nesse cenário, a Sociedade Civil Global (SCG) surge quando o homem começou a questionar a sua participação no cenário
Assim, as Relações Internacionais passaram a dar reconhecimento e visibilidade para a SCG, após a virada epistemológica com as teorias pós-positivistas, pois elas consideram variáveis além do Estado para analisar a conjuntura global (LEAL, 2018). Partindo deste princípio, observa-se que este agente é importante para gerar mudanças, quando organizado (movimentos sociais, instituições etc.), e não precisam estar necessariamente no mesmo território, pois ele vai além das fronteiras.
Podemos ver, por exemplo, o papel importante da prestação de serviços humanitários em alguns países, visto que desastres assim devastam o território, e às vezes o próprio Estado não tem condições de ajudar a sua população. São situações que ocorrem e não estão sob controle, como tragédias naturais inesperadas. Sendo assim, a ajuda dos outros Estados é muito importante, mas algo essencial é o voluntário, que se dispõe a ajudar os outros, e se dedica à situação e às vítimas, tentando ao máximo minimizar o seu sofrimento.
Dessa forma, a sociedade civil tem um papel muito importante nas organizações internacionais e organizações não governamentais que tem ações voltadas para ajudar o próximo e o meio em que as pessoas vivem. Outrossim, por meio do voluntariado, ela ajuda nos problemas sociais de sua cidade ou participa de ações que almejam levar ajuda a outro Estado . Sendo assim, faz parte de uma responsabilidade social, solidarismo e empatia pelo outro; no entanto ainda é possível ver muita dificuldade entre as pessoas, para se filiarem ou participarem de projetos sociais e organizações com a finalidade humanitária.
Nesse contexto, um dos maiores nomes, entre as instituições não governamentais humanitárias, é o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, ela vem se mostrando eficiente e presente em todos os conflitos e guerras que eclodiram após a sua fundação. A instituição, busca amenizar o sofrimento de toda e qualquer vítima, seja civil ou militar, e os seus voluntários têm um comprometimento com a vida do próximo sem qualquer distinção. A organização, contudo, não intervém apenas em problemas internacionais, as sedes de cada país e filiais de cada cidade, passaram a ajudar a população com pequenos problemas, a incentivar bons hábitos, participar de campanhas de doações de alimentos e roupas para pessoas necessitadas, vítimas de algum desastre natural, entre outros.
Por fim, evidencia-se o quanto tudo está ligado quando se trata de SCG, ela é um dos maiores agentes de mudança que o mundo contemporâneo pode ter, para Mary Kaldor (2003) a importância da sociedade nas resoluções de problemas internos (e externos) é legítima, e esse papel é facilmente reconhecido por conta das várias ações que ocorrem pelo mundo, pois são esses determinados grupos que promovem as ações humanitárias no mundo e quando há mudanças significativas, fica mais evidente o poder que a sociedade têm.
Referências:
MARX, Kal; ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista (1848).
REIS, Rossana. O lugar da democracia: a sociedade civil global e a questão da cidadania cosmopolita. São Paulo: Revista Perspectiva, 2006.
LEAL, Thaise. Entraves políticos e econômicos para a atuação da Anistia Internacional contra violações dos Direitos Humanos no período de 2010 à 2017. Belém:Universidade da Amazônia, 2018
SARFATI, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
KALDOR, Mary. Global civil society: an answer to war. Cambridge: Polity Press, 2003