Caio Duarte Farias Rodrigues – Acadêmico do 4º semestre de Relações Internacionais da Unama
O conceito de Indústria Cultural foi elaborado na chamada escola de Frankfurt. Ele foi abordado pela primeira vez em “Dialética do Esclarecimento” obra escrita por Theodor Adorno e Max Horkheimer e ainda que tenha sido criado durante o século XX, continua sendo uma obra atual, sendo usada para representar a transformação de diferentes obras em produtos padronizados.
A construção desse fenômeno está relacionada com as mudanças trabalhistas que ocorreram no final do séc. XIX, aonde as jornadas de trabalho proporcionaram mais tempo livre aos trabalhadores, os quais passaram a consumir mais artigos culturais padronizados. Deste modo, iniciou-se um processo de construção da ideia de que a felicidade e a realização pessoal poderiam ser alcançadas através do consumo de bens e serviços. Por conseguinte, a partir de Adorno e Horkheimer (1985) compreende-se que a indústria cultural alcança seus objetivos a medida que a produção de produtos culturais serve a uma demanda uniforme formada por uma ideologia e assim os setores artísticos seguem a lógica do capital e os meios de comunicação determinam o consumo massivo.
Entretanto, se faz necessário uma crítica a indústria cultural no que se refere a qualidade da arte, uma vez que não se visa o bem através do entretenimento e só tem como objetivo divulgar e instrumentalizar ideologias e culturas, pois assim como Silva (2002) compreendemos que ela age com a finalidade de massificar e impedir o pensamento crítico. Contudo, a propaganda ganha um fundamental papel nesta dinâmica enquanto ferramenta dessa indústria. Deste modo, ela busca levar suas produções para grupos cada vez maiores e, também, existe a satisfação por lucro dentro desse conceito. Logo, a propaganda também se torna uma ferramenta de facilitação da mercantilização da cultura.
A indústria cultural impulsiona o consumo de mercadorias, e assim a propaganda é usada para criar uma necessidade ilusória desses produtos para o público, ou seja, objetos de desejo para os consumidores. Desse modo, as peças culturais perdem seu valor por beleza ou por proporcionalizarem alguma reflexão ou conhecimento, sendo apenas adquiridas para uma reafirmação de status. A propaganda é utilizada prioritariamente para vender e criar uma ideia de novidade e para os produtos.
Os produtos da indústria cultural estão ligados com a ideia de discriminar os valores das classes dominantes, portanto, a propaganda também é usada para implantar essas ideias na mente das massas e submete os indivíduos às leis do mercado, utilizando modelos simplistas para fácil absorção desses ideais, prendendo a atenção do consumidor e fazendo-se presente em vários momentos de sua vida.
A propaganda utilizada para promover a massificação, incentiva o consumismo e busca alcançar o máximo de pessoas possíveis em todos as esferas sociais, e assim promove a padronização de valores, tradições e hábitos em favor de um estilo de vida consumista. Deste modo, forma-se uma cultura de alienação e manipulação, impedindo a formação de indivíduos autônomos com sua própria forma de pensamento sem senso crítico perdendo a capacidade julgar o mundo a sua volta.
REFERÊNCIAS:
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
DA SILVA, Daniel Ribeiro. Adorno e a Indústria Cultural. Ano I – N 04 – Maio de 2002 – Quadrimestral – Maringá – PR – Brasil – ISSN 1519.6178.