Beatriz Fernández Coutinho – Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da Unama
O cenário de pandemia, ocasionado pelo vírus da COVID-19, provocou uma série de dificuldades ao redor do mundo. Destacam-se aqui as de cunho social e econômico. Nessa perspectiva, diversos países, empresas e organizações internacionais uniram esforços em prol de uma redução dos danos que a doença originou e/ou intensificou no globo.
Uma das organizações internacionais mais importantes nessa conjuntura é o FMI (Fundo Monetário Internacional), que consiste em um órgão de cooperação financeira, no qual depósitos e empréstimos são feitos entre seus países membros, incluindo o Brasil. Porém, sua função vai muito além disso. O FMI produz análises, regulamentações e planos de ação a fim de proporcionar um ambiente de estabilidade para a economia mundial.
Dessa forma, o órgão formulou um Relatório Anual do ano de 2021, no qual reconhece as vulnerabilidades que a pandemia causou, afirmando que estas podem continuar a ser realidade durante muitos anos. Entretanto, o FMI destaca que uma recuperação está em andamento, ainda que lenta, em muitos países. Para tanto, o acesso a vacina é imprescindível, visto que através dela as taxas de infecção e morte diminuíram drasticamente.
Além do problema de saúde pública que a pandemia causou, a política governamental, que muitos adotaram, de imprimir papel moeda visando aumentar a arrecadação do Estado, fez com que a inflação, atrelada a outros fatores, chegasse a níveis elevados, e assim diminuindo o poder de compra da população. Este fenômeno é explicado pelo economista austríaco, Ludwig Von Mises, segundo o qual “se a quantidade de dinheiro aumenta, o poder de compra da unidade monetária diminui, e a quantidade de bens que pode ser adquirida com uma unidade desse dinheiro também se reduz” (MISES, 2018, p.105).
Entretanto, o relatório analisa que, apesar das incertezas, “a inflação global deverá atingir o pico nos últimos meses de 2021, mas deverá regressar aos níveis anteriores à pandemia em meados de 2022 para a maioria das economias”. Atrelado a isso, o FMI prospecta que a economia global deve crescer 5,9% em 2021 e 4,9% em 2022. Isto reflete uma perspectiva positiva, que só pôde ser possível com as significativas quedas de contaminação ao redor do mundo.
Em carta aberta, a diretora gerente do FMI, Kristalina Georgieva, destacou que o órgão aprovou empréstimos que somam 110 bilhões de dólares. Ela salienta também a importância da garantia de imunização para toda a população mundial, afirmando que assim, a atividade econômica global aumentará em trilhões de dólares nos próximos anos.
Diante dos fatos apresentados, enfatiza-se que somente através da cooperação multilateral, intercâmbio monetário e tecnológico, colaboração mútua entre os países para a fabricação e distribuição das vacinas, que o mundo avança para a recuperação dos danos causados pela pandemia de COVID-19.
Nessa perspectiva, a Teoria Neoliberal das Relações Internacionais trabalha o conceito de “governança global”. A qual seria responsável por harmonizar as individualidades das partes, garantindo maior prosperidade para todas. Segundo o teórico James Rosenau: “a governança é um sistema de ordenação que depende de sentidos intersubjetivos, mas também de constituições e estatutos formalmente instituídos” (ROSENAU, p. 4, 1992). Essa afirmação reitera a importância de Organizações Internacionais, como o FMI, na concepção de um caráter formal às atividades multilaterais.
Sendo assim, as expectativas, apesar de incertas, são otimistas em relação ao fim da pandemia, abertura e crescimento econômico para os diversos países do globo. Porém, é importante ressaltar, que as sequelas ocasionadas pela disseminação do vírus ainda vão acompanhar a humanidade por período indeterminado.
Referências:
MISES, Ludwig. As seis lições. 9. ed. São Paulo: LVM Editora, 2018. 179 p.
ROSENAU, James. CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governance without government: order and change in world politics. Cambridge University Press. 1992.
THE IMF and COVID-19. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.imf.org/en/Home Acesso em: 18 out. 2021.