China's hypersonic missile: Could it spark a new arms race? - BBC News

Leonidas Machado e Peter Mendes – 4º; Matheus Barbosa – Virgulino – 6º.

Desde da era do bronze até à contemporânea, grandes impérios procuram meios de sobressair seus oponentes, fosse no âmbito econômico, político ou principalmente: o campo bélico. Eventualmente devido a suas ambições expansionistas ou disputas territoriais, potências entravam em conflitos diretos, e neste, a maestria marcial se provaria um dos fatores mais determinantes para definir o vencedor das guerras.

A arte em se fazer a guerra é acompanhada também pelo avanço tecnológico e meios mais práticos e eficientes de se fazer tais atos destrutivos. Em 1942, o exército alemão conseguiu fazer um feito inédito na história das armas: lançava em cima da Europa seu novo e revolucionário míssil V-2. Sua eficiência foi mostrada em números durante a guerra, os mísseis sozinhos conseguiram causar mais de 15.000 mortes ao longo do conflito (BRITANNICA,1998).O feito alemão não passaria despercebido e após a guerra os Estados Unidos e a União Soviética recrutaram cientistas alemães, esses o quais seriam responsáveis pelas maquetes dos mísseis da Guerra Fria e consequentemente também os que existem nos arsenais das potências do século 21. Uma dessas potências é a China, que, como o exemplo alemão, vem cada vez mais demonstrando seu desenvolvimento em armas de longo alcance.

Em 2021, por volta dos meses de julho e agosto, relatos da inteligência americana indicaram que a China estaria fazendo testes com mísseis hipersônicos nucleares, tecnologia esta que está muito à frente dos atuais armamentos americanos, fazendo com que os pesquisadores ficassem estonteados com tal feito (BBC,2021). O perigo desta nova arma mora no fato dela ser extremamente rápida (podendo se alcançar velocidade Mach 5 na atmosfera superior) e ter um alcance muito longo, podendo até dar a volta ao mundo. Segundo o embaixador norte-americano Robert Wood, é de conhecimento que potências como Rússia e China têm tido ambições de crescimentos bélicos, entretanto, fica preocupado com o fato de não haver nenhuma defesa para a nova arma chinesa.

Para entender a dinâmica do investimento em crescimento bélico vindos da China e o perigo que isso representa para os Estado Unidos, o autor realista John J. Mearsheimer no livro The Tragedy of Great Power Politics (2001) traz em sua abordagem o realismo ofensivo. Ao concentrar a teoria nas grandes potências, Mearsheimer expressa que esses Estados têm maior impacto sobre o que acontece na política internacional e ao definir as grandes potências, o autor define que um Estado deve ter meios militares suficientes para sustentar uma guerra convencional total contra o estado mais poderoso do mundo. Com isso, devido à busca implacável por poder, as grandes potências estão inclinadas em procurar oportunidades para alterar a distribuição do poder mundial ao seu favor com o objetivo de alcançar a hegemonia para garantir sua sobrevivência (MEARSHEIMER, 2001).

John J. Mearsheimer explica que esse comportamento vem da estrutura do sistema internacional que projeta uma insegurança para essas grandes potências fazendo-os agir de forma agressiva ao buscar segurança. Conforme isso, as características do sistema internacional que causam isso são: a ausência de uma autoridade central acima dos Estados e possa protegê-los uns dos outros, o fato de que os estados sempre têm alguma capacidade militar ofensiva e a incerteza sobre as intenções dos Estados (MEARSHEIMER, 2001).

Conforme visto, a relevância do avanço bélico chinês acentua tanto as incertezas das intenções dos Estados, quanto a busca pelo poder, como também o fato que os estados sempre têm alguma capacidade militar ofensiva. No mais, os testes com os novos mísseis hipersônicos nucleares representam essa busca por poder como visto no seguinte trecho do livro de Mearsheimer: “No caso improvável de que um estado ganhasse superioridade nuclear sobre todos os seus rivais. Seria tão poderoso que seria a única grande potência do sistema. O equilíbrio das forças convencionais seria amplamente irrelevante se um hegemon nuclear surgisse.” (MEARSHEIMER, 2001, p. 5).

O desenvolvimento de mísseis hipersônicos por parte dos Chineses faz parte da sua grande estratégia para deter a supremacia naval Americana na região e incrementar sua margem de poderio militar no Indo-Pacífico. Por anos, a China vem destinando boa parte de seu orçamento militar em armas de negação de acesso (Area of Acess Denial) tais como mísseis e em construir uma poderosa marinha, especialmente no âmbito de combate anfíbio. Atualmente, em boa parte dos “war games” e simulações feitas pelas forças armadas dos Estados Unidos a China e a Rússia conseguem derrotar a resposta vinda dos países ocidentais, seja no mar do Sul da China ou no estreito de Taiwan (ROBLIN, 2021). Isso é porque as armas desenvolvidas e produzidas pela China têm o objetivo principal de negar a capacidade de resposta de seus inimigos nos momentos iniciais de um conflito, através de interceptação de navios e ataques sobre bases e centros de comunicação militar. Em suma, podemos ver os atuais desenvolvimentos bélicos como mais um passo da estratégia Chinesa de mitigar o risco de retaliação ocidental em sua área de atuação.

Referências:

Britannica, The Editors of Encyclopaedia. “V-2 rocket”. Encyclopedia Britannica, 27 Apr. 2021, https://www.britannica.com/technology/V-2-rocket. Accessed 22 October 2021.

China denies testing nuclear-capable hypersonic missile. (2021, October 18). BBC News. https://www.bbc.com/news/world-asia-china-58953352

ROBLIN Sebastien. WHY CHINA HAS WENT ALL-IN ON CHINESE A2/AD. National Interest, 2021. Disponível em >https://nationalinterest.org/blog/reboot/why-china-has-went-all-chinese-a2ad-176130 Acesso em 23 de Outubro de 2021.

MEARSHEIMER, John J.. The Tragedy of Great Power Politics. 1 ed. 592 : W. W, NORTON & COMPANY , 2001.