Maria Bethânia Galvão e Natalia Antunes (acadêmicas do 4º semestre de RI da UNAMA)

Keity Silva de Oliveira (acadêmica do 2º semestre de RI da UNAMA)

A principal cúpula sobre problemáticas ambientais, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, acontecerá entre os dias 1 e 12 de novembro de 2021. O evento é extremamente importante, principalmente para o momento atual, tendo em vista a necessidade do comprometimento dos países sobre a redução de emissões, afim de evitar uma catástrofe climática cada vez mais temida pelos especialistas. A Amazônia, como uma região de suma importância para o alcance e manutenção do equilíbrio climático global, é alvo de foco na COP 26, e o governo brasileiro está sob pressão considerável sobre as suas políticas ambientais, que são marcadas por taxas de desmatamento cada vez mais altas nos últimos dois anos. Desse modo, o Brasil vai à Glasgow com baixíssima credibilidade e muita expectativa sobre as ações acerca da conservação e desenvolvimento da floresta amazônica.

A COP realiza seu 26º encontro, contando com a presença de líderes de 196 países, entre eles, o Brasil, que traz à tona o cenário da Amazônia em foco. Nesse sentido, os países estarão comprometidos com a demonstração de progresso do cumprimento do Acordo de Paris, realizado, primeiramente, durante a COP 21, no ano de 2015. Esse acordo tem o objetivo de fazer com que os 196 países estejam comprometidos com o um aumento máximo na temperatura global entre 1,5ºC e 2ºC (SUSTENAIBLE CARBON), assim como a contribuição direta dos países considerados ricos para o financiamento de um fundo de garantia de U$ 100 bilhões dirigido às medidas de redução das emissões dos gases poluentes, dessa maneira o acordo será discutido entre os representantes a fim de pautar os desafios e os avanços do acordo.

Nesse seguimento, a região Amazônica possui papel fundamental sobre os temas de cooperação e desenvolvimento no que tange ao clima e à preservação, pois desde a sua inserção intensa no processo de globalização, a região amazônica se estabelece como uma área geopolítica. Em face de um desenvolvimentismo econômico baseado em um histórico de desmatamento e ocupação predatória, as novas perspectivas sobre a Amazônia, quando inserida no contexto internacional de preservação, passam a constituir um complexo espaço multidimensional modelado por poderes e ações de atores transnacionais (PRESSLER, 1994). Frente a isso, os últimos quatro anos foram marcados por um retrocesso nas práticas de preservação da Amazônia, principalmente sob a ação do Governo Federal, cujo discurso na ONU, no dia 21 de setembro, falseou a realidade sobre o alto índice de desmatamento e o ataque constante aos povos originários, pontos esses que firmaram o contexto problemático desse período, contribuindo para a formação da opinião pública global acerca da urgência da preservação da região, ressalta-se a protagonização da região amazônica como ponto-chave demonstrativo da trajetória das políticas ambientais do Brasil. De acordo com informações do Agência Senado, a bióloga Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente no Brasil e membro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), apontou que a COP-26 será realizada sob uma inevitável pressão política e econômica.

Portanto, a COP-26 apresenta-se como um evento de suma importância para o debate de uma problemática global como as mudanças climáticas e também para o Estado brasileiro recuperar sua agenda ambiental no âmbito internacional. O país, durante o governo Bolsonaro, vêm perdendo cada vez mais a imagem que projetava antes para a comunidade internacional, principalmente devido a suas políticas antiambientais que possuem taxas recordes de queimadas e desmatamento, assim como têm-se a expansão de atividades lincadas com o agronegócio em regiões ambientais, principal sustentáculo dos conflitos socioambientais, tema já visto anteriormente no quadro Amazônia em Foco.

Dessa forma, a postura do governo brasileiro, ao ter falas expressas em uma falsa dicotomia, tem dificultado o andamento da própria diplomacia do país no exterior, em relação a acordos internacionais que envolvem a União Europeia e o Mercosul. Nessa conjectura, para Rodrigo Reis, diretor-executivo do Instituto Global Attitude (Jornal Estado de Minas, 2021), a postura do Brasil na COP-26 será um teste no cenário diplomático, afirmando que:

“A presença do Brasil na COP26 não vai ser somente relacionada a clima. Eu acredito que será, de certa maneira, um teste de relações internacionais para ver como o Brasil vai se posicionar, neste momento, num palco multilateral.”

Diante do tema exposto, o Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA), criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), possui cadernos de debates chamados de tomos, frutos de suas contribuições nas reuniões em grupo, contando com a participação de pesquisadores, professores e cientistas como Bertha Becker. Destaca-se a obra “TOMO I – Mudanças climáticas, Água no mundo moderno e Biodiversidade amazônica” como indicação de pesquisa sobre o tema exposto.

Obra disponível em: < https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/4740/1/geea_tomo1.pdf  >

REFERÊNCIAS:

AGÊNCIA SENADO. Região amazônica será foco de debate na COP 26, apontam debatedores: 16 de setembro de 2021. Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/09/16/regiao-amazonica-sera-foco-de-debate-na-cop-26-apontam-debatedores > Acesso em: 18 de outubro de 2021.

Jornal Estado de Minas – Cop-26 é chance para o Brasil mudar sua imagem para o mundo. Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/10/17/interna_politica,1314453/cop-26-e-chance-para-o-brasil-mudar-sua-imagem-para-o-mundo.shtml > Acesso em: 18 de outubro de 2021.

MELO, Liana. Amazônia no centro da política global. Projeto Colabora: 23 de setembro de 2021. Disponível em: < https://projetocolabora.com.br/ods13/amazonia-no-centro-da-geopolitica-global/ > Acesso em: 19 de outubro de 2021.

PRESSLER, Neusa. Econegócios e cooperação Internacional: Novos discursos sobre a Amazônia. Maria Ângela & SILVEIRA, Isolda Maciel da. A Amazônia e a crise de modernização. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1994.

SUSTENAIBLE CARBON. Acordo de Paris – o que aconteceu na COP 21?. Disponível em: < https://www.sustainablecarbon.com/blog/o-acordo-da-cop-21/ > Acesso em: 18 de outubro de 2021.