
Gabriel Micael Contreira Ferreira,2 Semestre
Em meados do século XX, houve uma discussão acerca do consumo da do álcool no meio social. Em 1920, foi promulgada a “Lei Seca” nos Estados Unidos, proibindo a comercialização legal de bebidas alcoólicas e, dessa forma, abrindo espaço para o contrabando; após 13 anos, essa lei foi revogada, porém, os grupos contrabandistas se mantiveram resistentes e continuaram expandindo, implicando no mercado de drogas, visto que, com a legalização do álcool, sua comercialização não se tornou lucrativa.
A microeconomia elucida essa mudança de interesse, por meio da “Lei da Oferta e da Demanda”: com a supressão da lei seca, houve um aumento na oferta e, simultaneamente, uma baixa demanda, resultando no preço baixo da bebida. Diante desse cenário, a Conferencia de Viena (1988) surgiu com um enfoque sobre as drogas, uma vez que se tornava um problema global. O narcotráfico deve ser considerado uma ameaça à segurança global, incorporando-o ao plano da proteção regional e internacional. (HERSCHINGER, 2011)
É importante justificar a polarização da produção ilegal na América Latina: em primeiro lugar, está a influência dos EUA sobre os países latino americanos, amplificando a produção e o contrabando entre as fronteiras; outro ponto, é a falta ou a desvirtualizarão do Estado nesses países. O comércio ilegal é transnacional, ou seja, parte de um princípio macroeconômico, em que segundo dados da UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), 1,5% do PIB mundial é movimentado pelo narcotráfico, grande parte dessa finança é voltada internamente, além disso, as drogas patrocinam o mercado de armas e a lavagem de dinheiro.
“O narcotráfico é uma atividade agroindustrial – comercial verticalizada com o alcance planetário”, a produção se torna cada vez mais transnacional”, abandonando a ideia de “família do crime organizada” (SUAREZ,1989). Pablo Escobar, por exemplo, construiu suas riquezas a base do tráfico, e foi um dos principais líderes e comandante do Cartel de Medelín, responsável por controlar 80% do mercado global de cocaína. Durante sua vida, Pablo ocupou a sétima posição de homem mais rico do mundo, e auxiliava as comunidades pobres, sobre as quais tinha domínio.
O Governo Americano, junto ao poder político de países latinos, busca a resolução desse conflito, por meio de planos de ação ou de acordos entre as nações, como o “Plano Colômbia” que financia a luta contra as drogas no território colombiano. Entretanto, esse mercado ilegal é resistente na região, lucrando cerca de 6 bilhões de dólares por ano, viabilizando a persistência desse sistema ilegal. O Brasil e a Argentina assinaram um acordo de cooperação em 1995 na luta contra o narcotráfico, entretanto, essas nações, tornaram-se caminho da chamada “rota sul”, movendo a cocaína dos cartéis colombianos até o sul do Brasil, passando pela Bolívia e pelo norte da Argentina.
Em síntese, fica perceptível o império das drogas na América latina, tanto pela riqueza quanto pela carência do poder estatal em alguns lugares, tornando o tráfico uma alternativa para aqueles que não consegue oportunidade de ascensão social, sendo o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, um exemplo disso, em que o poder estatal é insuficiente, fazendo com que população daquela área auxilie esse tipo mercado em troca de benefícios sociais. Outra questão, é a produção econômica, sendo o contrabando de drogas uma fonte lucrativa, a qual amplia o interesse por esse tipo de mercado, gerando o estado contínuo de conflito entre os narcotraficantes e as forças estatais, o qual é definido como “Estados de Violência” (GROS, 2009), posto que, mesmo existindo acordos que combatem o narcotráfico, ele permanece sendo um mercado rígido e fechado.
Referências:
RODRIGUES, Thiago. “Narcotráfico e militarização nas Américas: Vício de Guerra”.
Borba, Pedro dos Santos. “Narcotráfico nas Américas”
GROS, Frederic. “Estados de Violência – Ensaio sobre o fim da guerra”
SANTANA, Adalberto. “A Globalização do Narcotráfico”
SANTANA, Adalberto. “El fenómeno del narcotráfico en América Latina”. México Internacional, núm. 6.
SUAREZ, Salazar. “Conflitctos sociales y políticos generadores por la droga”. Nueva Sociedad, núm. 102
HERSCHINGER, Eva. “Constructing global enemies: hegemony and identity in international discourses on terrorism and drug prohibition”. 2011.
TORRES, Sérgio. “Sul do Brasil integra nova rota de cocaína”. Folha de São Paulo, 1998. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff180130.htm