Lorena Carneiro – Acadêmica do 2 º semestre de Relações Internacionais da Unama.

Há tempos a função do professor vem mudando dentro do ambiente escolar. Além das novas ferramentas tecnológicas que são incorporadas ao dia a dia da sala de aula, é importante analisar as novas formas de interação dos atores no processo educacional – alunos, famílias e educadores. O intenso processo de globalização, acarretando a multidisciplinaridade e complexidade do mundo, faz com que o docente acompanhe as diversas transformações sociais e científicas, elevando o patamar do ensino a outro nível, completamente diferente daquele visto no século passado (CUNHA,2009).

A partir dessas novas realidades é preciso refletir acerca de como essas novas formas de interação social afetam a formação dos professores e o “ensinar” para as novas gerações. Tal análise deve passar, necessariamente, pelos cursos de formação desses profissionais, onde muitas vezes, estão desalinhados com a prática vista em sala de aula. A parte acadêmica não consegue trazer a rotina escolar para a os professores em formação, que são submetidos a uma carga teórica muito grande, porém não acompanhada da rotina escolar, essencial para o melhor desempenho profissional. Há quem defenda, inclusive, que haja nesses cursos um tipo de residência, como ocorre com os acadêmicos de medicina, que praticam em sociedade tudo aquilo que aprendem na universidade (RODRIGUES,2016).

Muito mais do que se pensar em tecnologias, cada vez mais presentes e importantes na sociedade, é preciso que elas façam parte do preparo dos docentes, não apenas como ferramentas de aprendizagem, mas como uma forma de despertar o interesse do aluno em aprender algo novo, trazendo para ele o objetivo por trás dessa forma de ensinar. Não apenas pensar tecnologia por tecnologia. Isso por si só, os alunos, muitas vezes possuem em casa e fazem uso dela um modo automático, sem o questionamento da importância daquilo no seu cotidiano.

Outro ponto relevante é redimensionar a figura do professor em sala de aula. Paradoxalmente, tem-se um excesso de novas tecnologias para ensinar, mas ao adentrar no espaço físico da escola ainda prevalece a mesa do professor ao centro e diversas fileiras de carteiras. Por que não transformar a sala de aula em um espaço de conversas mais livres, trazendo a didática do docente para perto dos alunos? A ampliação desse espaço é de fundamental importância para que a dinâmica entre teoria e prática educacional aconteça (RODRIGUES,2016). E isso serve para, em alguns casos, ajudar o profissional que está cursando a licenciatura, mas que ainda não se decidiu pelo magistério, a encontrar o seu verdadeiro nicho de trabalho.

Com a pandemia pelo novo coronavírus, o desfio estipulado à toda cadeia educacional foi exponencialmente elevado, dando aos professores destaque no processo de ensino como nunca antes visto. Houve, mais uma vez, a requalificação do trabalho docente (CORTELLA,2020). Nesse processo, é necessário avaliar quais ferramentas precisam ser estabelecidas como forma de ensino, levando em conta as diversas realidades dos alunos, pois não adianta falar em conexão, interatividade, uso de softwares de última geração, se o alvo de todo esse processo sequer tem um computador para acompanhar as aulas, seja em casa ou na sua escola. O cenário pandêmico trouxe várias reflexões acerca do processo de ensino e aprendizagem.

A qualificação dos professores deixou de ser atrelada apenas aos bancos das universidades. É um conglomerado de competências que vêm de várias frentes, partindo de experiências pessoais e profissionais, mostrando ao aluno a sua real capacidade para aprender e resolver situações diversas. O papel do docente do século XXI é levar o aluno a pensar e refletir, tornando-se, assim, peça-chave no processo de transformação social.

REFERÊNCIAS:

CORTELLA, Mário Sérgio. Educação na pandemia. Canal do Cortella, 2020. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Uj8qZsIfA-w&t=1s

CUNHA, Maria José dos Santos. Formação de professores: um desafio para o século XXI. In: Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2009.

RODRIGUES, Suely da Silva. Professores do século XXI. Conexão Futura. Canal Futura. Publicado em 28 de abril de 2016. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=8ZyDfRDs4kU