Peter Wesley Mendes Barauna – 4º semestre.
É inegável que o aparelho militar romano foi grandioso durante a vigência do seu Império, dentre tantas táticas, técnicas e armas, as tropas auxiliares se destacam devido toda dinâmica que em que estavam inseridas. Desse modo, o contexto das tropas auxiliares traz questões como a filiação de populações não-romanas e bárbaros ao exército romano por questões externas ao setor militar.
As tropas auxiliares consistiam na inserção de soldados não-romanos nos exércitos de Roma com o intuito principal de fazer a proteção das fronteiras do império à custos baixos. Dentre os atrativos que atrairiam auxiliares, o soldado que se unisse as tropas teria direito a cidadania romana após um determinado período de serviço. Tal pratica se assimila ao Bandwagon do teórico neorrealista, Kenneth Waltz.
Waltz em Theory of International Politics (1979), explica a pratica do Bandwagon, como o alinhamento dos Estados menores com os mais fortes para ajudar a proteger a sua hegemonia do perigo do Sistema Internacional anárquico. (WALTZ, 1979). Assim, a assimilação de não-romanos e bárbaros a tropa romana se dá tanto pelo lado romano, quanto pelos povos externos.
O exemplo de Teodósio serve como instrumento de compreensão dessa dinâmica. Para sanar o déficit deixado nas tropas romanas na batalha de Adrianópolis, Teodósio enxerga como única solução a manutenção da paz através de concessões aos bárbaros — em especial os visigodos — e utiliza-los contra ameaças de usurpadores no ocidente, internas, e contra outros povos bárbaros que tentavam penetrar no território do império, externas. (GELATI, 2004). A partir disso, tornou-se cada vez mais constante a presença dos bárbaros trabalhando em prol do império romano.
Um ponto a ser destacado envolve os tipos de bárbaros inseridos nas fronteiras romanas. De um lado, existiam os assentados de propósito militar conhecidos como laeti, e do outro, inimigos rendidos incapazes de receber cidadania romana, conhecidos como dediticii. Outro ponto também a ser levado em consideração é a cidadania universal para todos os habitantes do império em 212 d.C. — com exceção de escravos — que fez com que ocorresse perda no interesse para o oficio militar. Desse modo, as tropas romanas foram preenchidas cada vez mais com esses bárbaros (TAVARES, 2013).
Por fim, as tropas auxiliares serviram como instrumento para sanar problemas internos de Roma, como a perda do interesse militar, o custo baixo em manter a segurança das fronteiras e até mesmo a manutenção de uma boa relação com os bárbaros através do poder relativos que eles tinham, assim como o uso do bandwagon como instrumento dessa relação.
Referencias:
GELATI, Fernando. Os Aspectos político-militares do império romano ocidental na crônica de Idácio (379-469) Dissertação (Programa de Pós-Graduação em História) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. Disponível em: https://hdl.handle.net/1884/23782. Acesso em: 2 out. 2021.
TAVARES, Wendryll José Bento. O APARELHO MILITAR ROMANO NO FINAL DO IV SÉCULO D.C.: UMA MÁQUINA EM TRANSFORMAÇÃO. In: VI SEMINÁRIO DE PESQUISA DA PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA PUC GOIÁS/UFG. Anais […] Goiânia, 2013. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/113/o/Wendryll_Jos%C3%A9_Bento_Tavares_-_O_APARELHO_MILITAR_ROMANO_NO_FINAL_DO_IV_S%C3%89CULO_D_C__UMA_M%C3%81QUINA_EM_TRANSFORMA%C3%87%C3%83O.pdf. Acesso em: 2 out. 2021.
WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Waveland Pr Inc, 1979. 251 p
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