
Yasmin Garcia – Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais
Ficha Técnica
Direção: Thomas Kail
Produção: Lin-Manuel Miranda
Elenco Principal: Lin-Manuel Miranda, Jonathan Groff, Daveed Diggs, Phillipa Soo.
Musical estreado em agosto de 2015 nos palcos da Broadway, Hamilton foi escrito e protagonizado por Lin-Manuel Miranda, tornando-se, até os dias atuais, um dos musicais mais rentáveis da Broadway, arrecadando cerca de US$ 650 milhões desde sua premiére. (THE WRAP, 2020)
A obra teatral conta a história de Alexander Hamilton, primeiro Secretário do Tesouro estadunidense, desde sua chegado ao país até sua influência sobre a Revolução Americana e a Constituição de 1787, relatando também fatos curiosos sobre sua vida pessoal.
O primeiro ato se inicia com a entrada do personagem na história, contemporâneo ao II Congresso da Filadélfia (1776). Durante as primeiras músicas, o público é apresentado a elementos essenciais na narrativa: Aaron Burr, advogado e terceiro vice-presidente norte-americano; Hercules Mulligan, John Laurens e Marquis de Lafayette, companheiros de batalha e ajudantes de Hamilton no processo de revolução; e George Washington, primeiro presidente do Estado-nação e então comandante das tropas dos colonos – à qual o protagonista almeja auxiliar.
Além disso, são apresentadas as Schuyler Sisters, importantes personalidades para a construção do musical. Angelica, Eliza e Peggy chegam à apresentação com fortes ideologias de ativismos a favor das mulheres. Mais tarde, a segunda delas se torna esposa de Hamilton. Depois de ganharem a revolução, a primeira parte se encerra com o desenvolvimento da Constituição (1787) e da construção de uma nova nação.
Em seguida, o segundo ato é todo voltado a reuniões e consequentes decisões políticas, introduzindo Thomas Jefferson – que ajudara na Proclamação da Independência (1776). Durante dois números cantados de discussões entre Jefferson e Hamilton, o destino do país acaba nas mãos do primeiro, que assume a presidência logo depois de John Adams.
Apesar de parecer uma narração quase surreal, o musical foi baseado em fatos, perceptíveis em canções como Guns n’ Ships e Cabinet Battle (as duas versões). É notório o patriotismo exacerbado da peça, que seria explicado por Michel Foucault como parte das práticas discursivas: o modo da sociedade de ressaltar os discursos dominantes, expressando o domínio da ideia sobre a população (BRAGANÇA, S.I).
A exemplo disso, a representação da Inglaterra é totalmente satírica. O Rei George III, no decorrer de todas as suas interpretações, é ridicularizado, tendo atitudes controvérsias e até mesmo infantis diante de vereditos dos “pais fundadores” durante o conflito. Sob a óptica de Foucault, isso seria uma forma implícita de demosntrar o poderio e a capacidade dos Estados Unidos de se reerguerem e formarem uma pátria.
Portanto, nota-se que a peça supramencionada possui grande relevância para o entendimento histórico das ocorrências do século XVIII em solo estadunidense.
REFERÊNCIAS
1 [S.I] HAMILTON E A FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS – 1º ATO. Ciência Nerd: 2017. Disponível em https://www.blogs.unicamp.br/ciencianerd/2017/04/10/hamilton-e-a-formacao-dos-estados-unidos-1o-ato/
2 BALLUT, Jessica. ENTENDA A HISTÓRIA DE HAMILTON. YouTube: 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pgfYGaULB7E&t=659s
3 BRAGANÇA, Daniel Avellar. A Teoria Pós-moderna Das Relaçõesinternacionais: Uma Discussão. UFSC: São Paulo, [S.I].
4 GEIER, Thomas. 17 Top-Grossing Broadway Musicals of All Time, From ‘Hamilton’ to ‘The Lion King’. The Wrap: Estados Unidos, 2020. Disponível em: <https://www.thewrap.com/top-grossing-broadway-musicals-kinky-boots-lion-king-hamilton/>
5 VISENTINI, Paulo Fagundes. PEREIRA, Analúcia Danilevicz. A Indutrialização inglesa e as Revoluções Americana e Francesa (1776-1815). Fundação Alexandre de Gusmão: Brasília, 2012.