
Rafaela Vale – Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Nomeada similarmente a uma guerreira da Segunda Guerra Anglo-Afegã, Malala já apresentava desde seu nascimento que seria uma garota que traria grandes mudanças, a começar por romper tradições em seu povoado no vale do Swat, Paquistão.
Ao nascer, em 1997, Malala foi recebida com a comemoração normalmente dada ao nascimento de rapazes e seu nome foi colocado por seu pai na gravura da árvore genealógica da família, cujos traçados mostravam apenas os antepassados do sexo masculino.
Sua região, como um local bem tradicional, preservava a ideia de que mulheres não deveriam transitar livremente, pois em certa idade deveriam recolher-se para realizar tarefas domésticas e se preparem para o casamento, o que para o pai de Malala, proprietário de uma escola, não seria um futuro desejado para a filha. Sua mãe, Toor Pekai, havia avançado nos estudos mais do que a maioria das garotas da região, devido ao apoio familiar, mas abandonou os estudos após falta de perspectivas de futuro devido à tradição das mulheres se tornarem apenas donas de casa.
Com a ótima influência recebida dos pais, Malala Yousafzai já se envolvia em campanhas de paz em sua terra natal e pelo direito feminino do acesso à educação, onde sua atuação já estava sendo reconhecida pela mídia estrangeira.
Em 2009, a adolescente relatava sua vivência por meio de um blog para a BBC, sob nome de Gul Makai. Ao mesmo tempo, se destacava na escola como uma excelente aluna, o que a garantiu alguns troféus que colecionava nas prateleiras de seu quarto.
O trajeto de Malala para a escola começou a ser dificultado por ameaças recebidas do grupo Talibã, que tomava força na região e estavam proibindo garotas de continuarem seus estudos. Em 9 de outubro de 2012, um atentado contra a vida da jovem paquistanesa chocou o mundo. A caminho da escola, em uma van lotada de estudantes do sexo feminino e algumas professoras, a trajetória de Malala Yousafzai quase foi encerrada pelo grupo extremista Talibã.
O trágico dia ficou lembrado como o início da luta de Malala. A sobrevivente, que atualmente reside na Inglaterra, se tornou um símbolo da luta pelo direito das mulheres à educação. Aos 17 anos, em 2014, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel.
Pouco tempo após concluir sua graduação em Oxford, Malala teme pela recente ascensão do Talibã no Afeganistão e como isso afetará as mulheres afegãs, seus direitos e suas perspectivas de futuro, da mesma forma que afetou sua vida no Paquistão.
REFERÊNCIAS
UINNESS WORLD RECORDS. Malala Yousafzai: Mais jovem vencedora do Prêmio Nobel. . Disponível em: https://www.guinnessworldrecords.com.br/records/hall-of-fame/malala-yousafzai-youngest-nobel-prize-winner. Acesso em: 6 set. 2021.
ROWELL, Rebecca. Malala Yousafzai: Education Activist. ABDO, 2014.
YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. Editora Companhia das Letras, 2013.
YOUSAFZAI, Malala. Malala: I Survived the Taliban. I Fear for My Afghan Sisters. The New York Times. 17 ago. 2021. Disponível em: https://www.nytimes.com/2021/08/17/opinion/malala-afghanistan-taliban-women.html. Acesso em: 6 set. 2021.