Yasmin Garcia – Acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Antes mesmo de o Haiti ser conhecido com esse nome, a colônia francesa de São Domingos já sofria por muitas questões sociais, políticas e econômicas. A Revolução Haitiana (1791), impulsionada pelos escravos africanos que eram levados ao país, é uma evidência clara.

Apesar de ter sido a primeira nação latino-americana a ter sua independência proclamada (1º de janeiro de 1804), as dificuldades econômicas resultantes da revolução dificultaram muito o processo de reconhecimento de tal, visto que a dívida com a França era grande. Com o passar dos anos, empréstimos bancários e juros altos cobrados por bancos da França, dos EUA e da Alemanha aumentaram ainda mais os valores a serem quitados pelo país do Caribe, que só conseguiu pagar tudo em 1947, ainda sofrendo um impacto na economia. (BBC NEWS, 2021)

Também vale mencionar a Era dos Duvalier, família que manteve um regime ditatorial na área por quase 30 anos. O autoritarismo e a  agressiva centralização política pioraram ainda mais a situação, haja vista as bases impostas por François Duvalier, que eram em adesão aos setores conservadores haitinianos: militares, Igreja Católica e a elite mulata. Após muita instabilidade política, Jovenel Moïse era o então presidente, elegido em 2017, mas assassinado em 2021.

Somado a isso, ainda houve mais dois fenômenos naturais que devastaram o território: enquanto o país ainda se recuperava do terremoto de 2010, cuja magnitude 7.0 deixou graves sequelas, um mais forte, de  magnitude 7.2, atingiu-o no final de semana passado (14/08), seguido por um Ciclone Tropical na madrugada de terça-feira (17/08).

Sob esse viés, o país encontra-se em um estado calamitoso, necessitando urgentemente de ajuda internacional. No entanto, a situação que acontece é muito bem explicada por Robert Gilpin (2002): o teórico neorrealista infere que a uma economia estável pode gerar uma hegemonia mais forte, já que mais Estados têm interesses. Contudo, essa é uma conjuntura totalmente oposta ao Haiti: a demora para o auxílio ser realizado pode ser especulada como consequência das dívidas cada vez mais crescente com os países desenvolvidos.

Todavia, o setor que mais sofre com essa falta de amparo não é o econômico, e nem o político: a comunidade haitiana se vê em condições vitais desastrosas, majoritariamente vivendo na miséria e subnutrição. (R7, 2021)

Portanto, percebe-se que a sociedade internacional tem grande responsabilidade dentro dessa ocasião, mas que pouco exerce seus deveres. Paralelamente, o Haiti se afunda cada dia mais em uma crise política, econômica e humanitária. É clara a imprescindibilidade do cumprimento da proposta dos Direitos Humanos, para uma melhora no cenário.

REFERÊNCIAS

LIMA, Lioman. A crescente e perigosa instabilidade no Haiti, país que teve quase 20 governos em 35 anos. BBC News Mundo: Fevereiro/2021.

MATIJASCIC, V. B. Haiti: uma história de instabilidade política. Cenário Internacional: São Paulo, 2009

MELO, João. Entenda os motivos históricos da crise política e econômica no Haiti. R7 Internacional: Agosto/2021.

GILPIN, Robert. A Economia Política das Relações Internacionais. Editora UNB: Brasília, 2002.