
Leônidas Machado Barbosa – acadêmico do 4º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
No dia 11 de setembro de 2001, o mundo se chocava com o atentado às torres gêmeas, a hegemonia norte-americana havia sido atingida no coração da sua nação. Este evento marcaria as duas próximas décadas e ditaria onde ocorreria os próximos teatros de guerra e como eles seriam travados. O grupo responsável pelo ataque terrorista se chamava Al-Qaeda e os seus integrantes se tornaram alvos de uma das maiores “manhunts” já registradas na história, e logo se começava a se perguntar onde eles estariam e quem os alojava. Logo então, os olhos internacionais se virariam para o Afeganistão que fora acusado de servir como santuário ao grupo terrorista.
O grupo político que governava naquela época era o Talibã, um movimento social que surgiu após a retirada soviética do Afeganistão, o qual fazia promessas de paz e segurança na região com implementações da Sharia (leis islâmicas) da sua própria forma e gosto. O grupo foi suplementado por grupos presentes na Arábia Saudita e os Emirados Árabes, que junto com o apoio popular local, devido ao combate da corrupção e criminalidade, permitiu que o Talibã pela época de 1998 já controlasse 90% do território (BRITTANICA, 2015). Entretanto, devido a implementação da nova “Guerra ao Terror” pelos Estados Unidos e as acusações internacionais de que eles tenham favorecido a Al-Qaeda, fez com que em 26 de setembro de 2001, grupos paramilitares da Central de Inteligência norte-americana (CIA) fossem enviados ao país para começar planos de desestabilizar o regime do Talibã.
Pelo final do ano de 2001 o Talibã havia sido retirado do poder, forçados atuar escondidos e optando em 2005 por táticas como bombas-suicidas e explosivos enterrados, que causaram fortes perdas nas forças da coalizão. Pelo ano de 2010, mais de 1000 tropas americanas haviam sido mortas, 500 britânicas e 150 canadenses. A implementação de uma força maior ao continente foi feita durante o mandato do presidente Barack Obama, onde mais de 17 mil soldados americanos foram enviados para o país, a qual foi fortemente criticada e questionada vendo que já se havia feitos muito gastos numa guerra em que poucos acreditavam que o objetivo poderia ser completado.
Em 20 de fevereiro de 2020, um acordo feito entre o EUA e o Talibã previu uma retirada de tropas americanas em até 14 meses (BBC, 2021), ou seja, o governo do Afeganistão seria deixado a sós para lutar contra o grupo insurgente durante os próximos meses. A retirada das tropas tem ocorrido de forma gradual, sendo feito com mais pressa durante a governança de Biden, a qual trouxe consigo a oportunidade de retomada ao poder do Talibã por meio da força e ocupação dos territórios perdidos há muito tempo.
No ano de 2021, principalmente entre os meses de maio a agosto, podemos ver o maior avanço e tomada de território já feito pelo grupo (HADAVAS, 2021), a moral do exército afegão tem sido baixa, rendições e deserções tem sido visto feitas em milhares, com exceção de forças especiais que são executadas imediatamente. Muitos vídeos têm circulado pela internet onde tropas talibãs ostentam com equipamentos americanos deixados pela sua retirada apressada e também demonstrações de combate ao vivo e conquistas de cidades estrategicamente importantes.
A imagem que se transmite é uma em que o Talibã volta a governar o Afeganistão e as potencias mundiais não são lentas em perceber tal fato, onde países como a China já entraram em contato com fundadores talibãs em prol de manter a paz no país do oriente médio e estender seu atual corredor econômico (CHEUNG; WESTCOTT, 2021). O Afeganistão sempre teve uma certa fama de ser um “cemitério” de impérios, grandes poderes como o Império Macedônico, Grã-Bretanha e a União Soviética já tentaram tomar controle, entretanto, falharam em estabelecer sua influência no lugar, o Estados Unidos também seguiu o mesmo destino, mesmo investindo bilhões, foi fadado a se retirar do lugar mesmo após 20 anos de luta árdua e incansável.
REFERÊNCIAS:
Afghanistan war. (n.d.). Encyclopedia Britannica. Disponível em: https://www.britannica.com/event/Afghanistan-War. Acessado em 5 de agosto de 2021
Cheung, E., & Westcott, B. (2021, July 29). Chinese officials and Taliban meet in Tianjin as US exit Afghanistan. CNN. https://edition.cnn.com/2021/07/29/china/china-taliban-tianjin-afghanistan-intl-hnk/index.html. Acessado em 5 de agosto de 2021
Hadavas, C. (2021, August 4). Taliban advance marks turning point in Afghanistan. Foreign Policy. https://foreignpolicy.com/2021/08/04/afghanistan-war-withdrawal-taliban-violence-helmand-turning-point/. Acessado em 5 de agosto de 2021
Povo, G. D. (2021, July 29). Laços se estreitam: China recebe delegação do Talibã. Gazeta do Povo. https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/lacos-se-estreitam-china-recebe-delegacao-do-taliba/. Acessado em 5 de agosto de 2021
US Afghanistan withdrawal: Top Commander steps down. (2021, July 12). BBC News. https://www.bbc.com/news/world-us-canada-57809533. Acessado em 5 de agosto de 2021
Who are the Taliban? (2020, February 27). BBC News. https://www.bbc.com/news/worldsouth-asia-11451718. Acessado em 5 de agosto de 2021