
Peter Wesley Mendes Barauna – 3º semestre
É impressionante o impacto que as armas nucleares tiveram durante o período da Segunda Guerra Mundial, visto que os bombardeios feitos pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki com as bombas nomeadas de “Little boy” e “Fat Man”, precederam o fim desse período de terror que o mundo viveu. No entanto, suas lesões são sentidas até o mundo atual, dado que os seus traumas permeiam até hoje no sistema internacional.
Conhecida popularmente como bomba atômica, seu grande poder destrutivo advém das reações que acontecem no núcleo dos átomos que liberam grande quantidade de energia explosiva. Os métodos de produção das armas nucleares podem ser através da fissão, conhecida como as famosas bombas atômicas, da fusão, conhecida como bombas termonucleares ou da combinação de ambas (COCHRAN; NORRIS, 2019). Como efeito disso, a nova técnica de produção de armas bélicas culminou na iminente possibilidade eclodir em uma guerra nuclear, principalmente entre as duas grandes potencias da época, a antiga União Soviética e Estados Unidos.
Hans Morgenthau (1948) em “A Política Entre as Nações”, busca analisar a situação da política externa norte-americana no pós-guerra, em que ele faz sua análise sobre três contextos, o primeiro sobre a bipolaridade em que o mundo estava inserido, onde sua estrutura se encontrara fora da Europa Ocidental, o segundo sobre a questão da unidade moral do mundo político que passa a adquirir esse caráter bipolar adverso de pensamento e de ação, nas quais essas buscavam a aceitação dos homens, e o ultimo sobre a tecnologia nuclear moderna que poderia resultar na destruição universal.
Assim, a introdução das armas nucleares foi capaz de interferir na dinâmica de segurança e militar, bem como na questão da balança de poder. Uma vez que a possibilidade de uma guerra nuclear generalizada fez com que as duas grandes potências, EUA e URSS, agissem com mais racionalidade em possíveis conflitos, percebeu-se a necessidade da ocupação intelectual e moral do mundo político, como forma vital para sua sobrevivência.
Deste modo, as armas nucleares trouxeram a necessidade do empenho de todas as nações para preservação da paz, e para consegui-la Hans Morgenthau traz dois mecanismos:
“O primeiro é o mecanismo auto regulador das forças sociais, que se manifesta sob a forma de luta em busca do poder na cena internacional, isto é, o equilíbrio de poder. O outro consiste nas limitações normativas dessa luta, sob a roupagem do direito internacional, da moralidade internacional e da opinião pública mundial” (Morgenthau, 2003, p. 45)
Por consequência disso, em 1946 é aprovada a primeira resolução na Assembleia Geral da ONU com a finalidade de lidar com problemas relacionados à descoberta da energia atômica. Assim, posteriormente, houveram diversos tratados com objetivo de prevenir a proliferação e os testes nucleares, como o Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e entre outros.
Ao todo, 191 estados como Rússia, EUA, Reino Unido, França e China aderiram a esse tratado desde 1970 (BBC, 2020), sendo que os cinco estão autorizados a ter armas nucleares, devido a seus testes e produção antecederem ao tratado. Outros países como Índia e Paquistão nunca aderiram e a Coreia do Norte saiu em 2003.
Não obstante, o mundo ainda tem que lidar com os efeitos tardios que o perigo das armas nucleares podem vir a causar. Segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro (2021), estima-se que existam hoje mais de 17 mil ogivas nucleares (das quais mais de quatro mil estariam em estado operacional), tornando-se uma ameaça a humanidade, agravando tensões e prejudicando os esforços de paz. Um exemplo disso é o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares de 22 de janeiro de 2021 (G1, 2021), que visa proibir o uso, o desenvolvimento, a produção, o teste, o armazenamento e também as ameaças de uso de armas nucleares, onde apesar do objetivo nobre, os nove países que detém armas nucleares ainda não se introduziram ao tratado.
Por fim, é possível compreender o “fenômeno” das armas nucleares como atemporal a partir da sua primeira e impactante vez em que foi utilizada na Segunda Guerra Mundial, assim como foi um dos pontos chaves nas dinâmicas e estratégias tomadas no decorrer da guerra. Além disso, o poder destrutivo desse instrumento bélico, põe a prova a teoria realista das relações internacionais influenciando nas questões da balança de poder, segurança e militar.
REFERÊNCIAS
COCHRAN, Thomas B. e NORRIS, Robert S. ” Nuclear weapon”. Encyclopedia Britannica, 12 de dezembro de 2019, https://www.britannica.com/technology/nuclear-weapon. Acesso em 19 de julho de 2021.
DESARMAMENTO nuclear e não proliferação. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <http://antigo.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-seguranca-internacionais/146-desarmamento-nuclear-e-nao-proliferacao-nuclear> Acesso em: 20 de julho de 2021.
MORGENTHAU, Hans J. A Política Entre as Nações. Editora Universidade De Brasília – UNB, 2003. Acesso em: 20 jul. 2021
NUCLEAR Weapons. United Nations. Disponível em: < https://www.un.org/disarmament/wmd/nuclear/>. Acesso em: 20 de julho de 2021.
NUCLEAR weapons: Which countries have them and how many are there? BBC, 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/newsbeat-51091897> Acesso em: 20 de julho de 2021.
TRATADO pelo fim de armas nucleares entra em vigor sem nenhum país que tem arsenal; negociação entre EUA e Rússia para controle avança. G1, 2021. Disponível em: < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/01/22/tratado-pelo-fim-de-armas-nucleares-entra-em-vigor-sem-nenhum-pais-que-tem-arsenal-negociacao-entre-eua-e-russia-para-controle-avanca.ghtml> Acesso em: 20 de julho de 2021.