
Giovanna de Lima Pereira – Acadêmica do 8º semestre em Relações Internacionais da UNAMA
A agenda de Segurança Internacional passou por avanços após 1990. Muitos fatores podem ser atribuidos a isso, sejam eles o fim da guerra fria em 1991, o ataque de 11 de Setembro de 2001 e a globalização acelerada que mundo experienciou. Assim, com a rápida evolução da tecnologia e expansão de ferramentas para uma comunicação instantânea, como celulares e computadores, a disseminação de informação passou a ser muito mais acelerada e ampla.
Nesse contexto, as ameaças e os riscos que estão associados a esse avanço dos meios de comunicação e da internet, entram para a nova agenda de segurança. Logo, essa facilitação de acesso levou os Estados a criarem formas de proteção às suas informações. Entretanto, como afirma Benelli (2018), à medida que a popularização de acesso aumentou gradualmente no decorrer dos anos, aumentaram as formas de tentar corromper esta rede. Portanto, a difusão da internet passou a apresentar ameaças em âmbito do ciberespaço e que podem caracterizar um problema à segurança de um Estado (SPIRI, 2019).
O chamado “ciberterrorismo” pode ser compreendido como um ataque a sistemas de computadores, informações, programas de computadores e/ou dados, que tem o intuito de intimidar ou coagir governos ou sociedades em busca de objetivos políticos, religiosos ou ideológicos (COSTA, 2017). A partir disso, a ação de hackers tem entrado na agenda de Segurança Internacional desenvolvendo o que é conhecido como “cibersegurança”, uma vez que as formas de ataques e guerras têm se diversificado para além das formas tradicionais a partir do advento das novas tecnologias, especialmente considerando que a potencialidade e o alcance de um ataque cibernético aumentam enormemente com a tecnologia 5G (NETO, 2019) que vem sendo tão discutido na atualidade.
Nesse contexto, a Escola de Copenhague de Segurança Internacional surge por meio de seus principais autores como Barry Buzan, Ole Wævere e Jaap Wilde, que “continuam o debate de poder e segurança dos positivistas encarando a segurança além de somente o Estado, onde se incluem aspectos como o ciberespaço”. (Buzan; Hansen, 2012 p. 10 apud SILVA, 2018, p28).
Percebe-se, portanto que, para Buzan,
“o principal quadro para a evolução dos Estudos de Segurança Internacional (ESI), seria pensar em segurança para além das questões militares, deixando de lado a ameaça nuclear e focando agora nas novas forças motrizes que constituem os Sistema Internacional.” (SILVA, 2018, p27).
Assim, nota-se como a internet passou a ser uma ferramenta para levar terror e pânico para a população e para os Estados, e dessa forma, se apresenta como uma nova ameaça do século XXI, que coloca em perigo a soberania nacional uma vez que a utilização do ciberespaço como vector privilegiado de condução de ações terroristas, tem vindo a assumir uma importância crescente para as sociedades ocidentais, obrigando os Estados a rever os fundamentos das suas estratégias de segurança e defesa (NUNES, 2004).
Dessa forma, considerando que o sistema internacional está sempre em mudança, a evolução do terrorismo para sua nova modalidade, que é o ciberterrorismo, requer uma atenção especial e não deve ser negligenciado, sendo uma importante área para atuação do internacionalista. A tradicional visão realista de segurança, que desconsidera atores que ultrapassam as fronteiras nacionais, passa a ser questionada na medida em que se reconhece a proporção das consequências de um vazamento de informações que pode afetar diretamente chefes de Estado e um país como um todo, como aconteceu no emblemático caso do vazamento de informações restritas de alguns Estados pelo site Wikileaks, o qual levou a prisão de seu fundador, por ameaçar a segurança nacional desses países (NETO, 2019).
REFERÊNCIAS:
BENELLI, Alexandre Liria. Análise do Ciberterrorismo e Cibersegurança. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2018
Ciberterrorismo: Aspectos de Segurança. Disponível em: https://www.revistamilitar.pt/artigo/428. Acesso em 05 jul 2021
COSTA, Matheus Souza. O Ciberterrorismo diante do atual ordenamento jurídico brasileiro.Universidade Federal de Lavras. Minas Gerais, 2017
DA SILVA, Luiz Gustavo Lavandoski. O Brasil e o Ciberespaço: Um estudo acerca do Planejamento Estratégico De Defesa Cibernética a partir do escandalo da NSA. Universidade da Amazônia, Belém, 2018
O 5G e os riscos de Cyber Attacks para a Segurança Internacional. Disponóvel em: http://gepsi.unb.br/index.php?option=com_content&view=article&layout=edit&id=40&Itemid=599. Acesso em 05 jul 2021
SPIRI, Raquel Torrecilha. Cibersegurança no Brasil: Uma análise de seus desdobramentos à luz da securitização. Associação Brasileira de Relações Internacionais. Minas Gerais, 2019