
Leônidas Machado Barbosa – Acadêmico do 3º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A Segunda Guerra Mundial foi um dos acontecimentos internacionais mais marcantes do século 20, onde vimos mudanças na balança de poder seja através do surgimento de novas potências ou do avanço tecnológico bélico e comunicativo. Ademais, vale ressaltar a importância e a ênfase na palavra “Mundial” no conflito, pois assim como a seu antecedente, a guerra alcançou proporções inimagináveis e colossais, onde cada canto do mundo influenciaria ou seria influenciado pelo conflito.
O conflito entre os Aliados e as potências do Eixo trouxeram consigo inúmeras pequenas nações que viviam nas regiões vizinhas dos países integrantes, muitas dessas que são esquecidas até hoje pela sua participação e envolvimento. Curiosamente uma nação que faz parte desta lista é o Brasil, que auxiliou com suplementos, escolta naval e apoio terrestre e aéreo (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2021).
O contexto no qual o governo brasileiro foi inserido na guerra e as causas que o levaram a fazer tal ato, estão enraizadas no governo de Getúlio Vargas, ditador da época e que governava o Brasil. A política externa de Vargas, principalmente no que se remete ao período pré-Segunda Guerra Mundial e durante até, foi caracterizada por ser pendular, onde ao mesmo tempo em que tinha boas relações com os Estado Unidos, também simpatizava e demonstrava estreitamentos com as potências do Eixo, principalmente com países como a Alemanha e a Itália. Entretanto o seu Ministro de relações exteriores da época Oswaldo Aranha era muito mais favorável a uma política que envolvesse o alinhamento com os Estados Unidos principalmente durante a guerra (FREITAS,2018). A pressão Americana e a do seu próprio Ministro acabaram fazendo com que Getúlio assumisse sua posição junto com os Aliados e participação da guerra contra o Eixo.
Assim então, o Brasil começou a participar de forma mais interativa e física através das Forças Armadas; em 1943 foi estabelecido o consenso de que o Brasil iria ajudar na campanha do norte da África com tropas terrestres, assim então se formou a Força Expedicionária Brasileira (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2021). O desembarque das tropas brasileiras ocorreu em 1944 e não mais seria no norte da África e sim no solo italiano com cerca de 25 mil soldados substituindo tropas americanas que foram deslocadas para outro campo de guerra na França meridional.
A campanha brasileira seria marcada pelo combate contra os alemães em situações onde o inimigo possuía mais vantagem através da tecnologia e do terreno, entretanto, logo os brasileiros puderam se adaptar ao estilo de guerra moderno e rapidamente também ao clima. O combate mais famoso seria o de Monte Castello que estava inserido no combate dos Apeninos, esse que possuía um grande valor estratégico para ambos lados do conflito e era essencial que se mantivesse controle da cordilheira italiana.
As operações que foram conduzidas ao Monte Castelo foram marcadas pela perda de centenas de vidas brasileiras e pelas temperaturas extremamente baixas que chegava alcançar valores abaixo de zero. Um dos exemplos das dificuldades enfrentadas pelos brasileiros em um dos seus primeiros ataques e o que prosseguiu após deles foi em 1944, quando uma operação resultou em 190 baixas brasileiras e posteriormente tiveram que lidar com uma temperatura de -18º graus.
Apesar das dificuldades encontradas pelo exército brasileiro, outras regiões e cidades pequenas eram ocupadas pela FEB, essa a qual já estava bem familiarizada com a guerra, o avanço da força expedicionária brasileira se mostrou muito importante para as operações que seriam estabelecidas em 1945 (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2021), em que se avançaria para o coração da Itália e consequentemente daria espaço para o avanço a capital alemã.
Dentro do campo teórico das Relações Internacionais há a vertente neorrealista, principalmente remetendo-se a Waltz. O fenômeno específico que será observado é o chamado “bandwagoning”, pensado pelo autor, que seria países pequenos se aliando a países maiores devido ao medo de serem ameaçados, utilizados ou até invadidos pelas grandes potências, assim optando por uma adesão seja no território da potência ou em coalizações, alianças que a mesma comanda e controla (WALTZ, 1979).
Para se explicar o envolvimento brasileiro no conflito internacional, os pensamentos de Waltz perfeitamente se encaixariam devido à pressão exercida em um país menor, que no caso seria o Brasil, por um país maior que seria o Estados Unidos, em se juntar aos Aliados ou sofrer as consequências e ser hostilizado, resultando assim numa cooperação brasileira incentivada a base da ameaça e foi representada na forma de declaração de guerra às potencias do Eixo e adesão aos Aliados, não só o Brasil seria alvo de desse exercício de poder como também alguns países que estavam ao redor da Alemanha Nazista que foram forçados a integrar no Eixo ou fazer parte da própria Alemanha.
REFERENCIAS:
WALTZ, Kenneth N. Theory of International Politics. Long Grove, Ill., Waveland Press, 1979.
O EXERCITO BRASILEIRO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, Exército Brasileiro, disponível em: http://www.eb.mil.br/exercito-brasileiro?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&_101_struts_action=/asset_publisher/view_content&_101_assetEntryId=1556825&_101_type=content&_101_urlTitle=o-exercito-brasileiro-na-segunda-guerra-mundial&inheritRedirect=true
FREITAS, Auxilia Ghilsofi. OSWALDO ARANHA E A POLITICA PENDULAR DE VARGAS NO ESTADO NOVO. 2018.UFES
Royde-Smith, John Graham and Hughes, Thomas A. “World War II”. Encyclopedia Britannica, 15 May. 2021, https://www.britannica.com/event/World-War-II. Accessed 23 June 2021.