Yasmin Garcia – Acadêmica do 3º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Os aplicativos ganharam extrema relevância nos últimos anos, sejam eles para diversão ou para tratar de negócios mais sérios, como empreendedorismo e educação. Conforme dados da Forbes (2021), plataformas de reuniões e aplicativos para aprender idiomas fizeram-se cada vez mais úteis no ano de 2020.

Com o advento da pandemia, muitos indivíduos encontraram, nos meios digitais, uma maneira de alargar seu conhecimento, nas mais diversas áreas, apresentando um aumento de cerca de 161% na busca por cursos online. A exemplo disso, formações em idiomas diferentes são um dos maiores alvos nas procuras. (AMPLIAR, 2021).

Entre estes, o aplicativo Elsa deve ser mencionado. De acordo com o site oficial, este visa utilizar tecnologia para ensinar habilidades de pronúncia em inglês, fornecendo um feedback específico sobre como melhorar determinada pronúncia. Por meio de uma série de opções, o indivíduo informa sua nacionalidade e o “tipo” de inglês que quer aprender.

Apesar de ser promissor e muito utilizado hordienamente, o programa supracitado explicita, em ações, a tese de Michel Foucault. As práticas discursivas, segundo o autor pós-moderno, são o modo da sociedade de ressaltar os discursos dominantes, expressando o domínio da ideia sobre a população.

Analisando a situação sob a óptica de Foucault, a língua inglesa vem se tornando a concretização de sua teoria. Filmes, séries, e, nesta conjuntura, até mesmo aplicativos, majoritariamente denominam o sotaque americano como o correto. Elsa é apenas mais um dos milhares de protótipos criados para afirmar a soberania dos norte-americanos (e aqui se encaixa os países falantes de inglês da América).

Sob esse viés, percebe-se que a própria língua virou um instrumento de dominação, mesmo que indiretamente. As plataformas digitais de idiomas oferecem, em sua maioria, apenas o ensino do sotaque americano – por vezes, as únicas opções que variam são para o britânico e o australiano. [MTA1] 

Portanto, infere-se que a busca pela “pronúncia perfeita” transformou-se em algo quase automático para a sociedade, salientando a veracidade do postulado pelo sociológo francês há décadas. Não obstante, implicitamente o soft power norte-americano é realizado crescentemente, e acaba passando despercebido, por ser algo pelo qual o indivíduo já é imperado há muito tempo. 

REFERÊNCIAS

1 BRAGANÇA, Daniel Avellar. A Teoria Pós-moderna Das Relaçõesinternacionais: Uma Discussão. UFSC: São Paulo, [S.I].

2 KOETSIER, John. Saiba quais foram os aplicativos mais baixados – e os mais lucrativos – de 2020. Forbes: 2021. Disponível em <https://forbes.com.br/forbes-tech/2021/01/saiba-quais-foram-os-aplicativos-mais-baixados-e-os-mais-lucrativos-de-2020/&gt; Acesso em 20 de junho de 2021.

3 [S.I]. Aumenta a procura de cursos online na pandemia. Ampliar: São Paulo, 2021. Disponível em <https://ampliar.org.br/crescimento-de-cursos-online/&gt; Acesso em 20 de junho de 2021.

4 ELSA – Business. Disponível em <https://elsaspeak.com/b2b/homepage?gclid=CjwKCAjw8cCGBhB6EiwAgOReyzTy4krZJUl4URVGut9mQSgM5B6HPQjmYdIOQA35W5yjDHcCWjIN0xoCIqwQAvD_BwE&gt; Acesso em 21 de junho de 2021.