
Amanda Araújo – Acadêmica do 3º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Ailton Krenak (1953), nascido em Minas Gerais – Brasil, é um ambientalista, pesquisador e escritor indígena da etnia crenaque. Krenak também é professor Honoris Causa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), considerado um dos principais líderes do movimento indígena do país, reconhecido internacionalmente por seu ativismo.
Ailton começou seu ativismo em meados dos anos 80. Formado em jornalismo, atuava como produtor gráfico, entretanto, a partir daquela década, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena, fundando assim, em 1985, a ONG (Organização Não Governamental) Núcleo de Cultura Indígena, com o objetivo de promover a cultura de seu povo.
Em 1987, o ativista ambiental chamou a atenção da opinião pública e dos líderes políticos ao discursar, na Assembleia Nacional Constituinte, com o rosto pintado de tinta preta do Jenipapo, como forma de protesto contra os retrocessos na luta pelos direitos dos índios brasileiros.
Ao chamar a atenção do país com o seu discurso, o trabalho de Krenak e de outros líderes envolvidos, resultou na adição de um capítulo sobre a proteção dos direitos indígenas dentro da Constituição. Capítulo que consagrou o reconhecimento da organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, além dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam e sua demarcação (BRASIL, 1988, art. 231).
Esta conquista inédita, permitiu que avanços, como o questionamento de violações desses direitos em cortes internacionais pudessem ser feitos, algo impossível até 1988 e que ocorreu anos mais tarde, em 2018, quando Brasil foi condenado pela Corte Interamericana, justamente por violar os direitos indígenas.
Apesar deste acontecimento ser o grande marco na carreira de Krenak, sua história de luta pela causa indígena vai muito além disso. O professor também participou da fundação da União das Nações Indígenas; da Aliança dos Povos da Floresta, a qual incluía, além dos índios, os extrativistas, como os seringueiros; e entre outros.
O escritor indígena é autor de livros como “A vida não é útil” e “Ideias para o fim do Mundo” (2019), no qual aborda a relação dos homens com a natureza e os desastres ambientais consequentes do modo humano de viver e produzir.
Seus trabalhos lhe renderam o título de Intelectual do Ano, em 2020, mesmo período em que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, responsabilizou os indígenas pelos incêndios na Floresta Amazônica. Em resposta a fala do presidente, Krenak disse “os índios não queimam o verde, presidente. Eles protegem”.
Ailton Krenak é um símbolo vivo da história da luta do movimento indígena, seu ativismo vai além da busca pelos direitos dos povos nativos, ele abrange a proteção da terra e seus recursos naturais, a qual nós estamos constantemente usurpando.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
LÍDER INDÍGENA AILTON KRENAK É ELEITO INTELECTUAL DO ANO NA ERA DAS MENTIRAS QUE DESTROEM O MEIO AMBIENTE. Hypeness, 2020. Disponível em < https://www.hypeness.com.br/2020/09/lider-indigena-ailton-krenak-e-eleito-intelectual-do-ano-na-era-das-mentiras-que-destroem-o-meio-ambiente/ > Acesso em 21 de maio de 2021.
VIVAN, Danilo. Ailton Krenak: os frutos do discurso que comoveu o país. Believe. Earth. Resplendor, Brasil. 2018. Disponível em < https://believe.earth/pt-br/ailton-krenak-os-frutos-do-discurso-que-comoveu-o-pais/ > Acesso em 21 de maio de 2021.