Amanda Araújo – Acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

The Beatles foi uma banda britânica, surgida na cidade de Liverpool, em meados de 1960 e que se consolidou como o grupo musical mais bem-sucedido da história. A formação original sofreu alterações ao longo dos anos e, a partir de 1962, passou a ter quatro integrantes, sendo eles John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.

O quarteto transformou o pop mundial ao explorar diversos ritmos musicais que vão do Folk ao Rock Psicodélico e, utilizando-se de segmentos sociais e letras de conteúdo político e revolucionário, abriram precedentes para manifestações culturais marginalizadas, como o reggae, que mais tarde tornou-se referência na luta de resistência social, e o movimento hippie, o qual a banda britânica foi adepta e influenciou uma geração inteira através desse estilo de vida.

O período em que os Beatles consolidaram o seu legado foi um tempo onde ainda era sentida as consequências financeiras e culturais da Segunda Guerra Mundial.

O movimento hippie, que começou nos E.U.A, trouxe o questionamento dos jovens sobre os valores tradicionais e o poder militar e econômico ditados em sociedade. O lema “Paz e Amor” sintetizava a postura política e a luta por direitos civis, igualdade e antimilitarismo.

Em 1964, quando os Estados Unidos resolveram entrar, oficialmente, na Guerra do Vietnã – conflito considerado o mais violento da metade do século XX – diversos protestos foram articulados pela comunidade hippie e, os próprios Beatles deram seu posicionamento, anos mais tarde, a respeito do assunto através do lançamento da música “Revolution” (Revolução), a qual, em tradução livre, diz “Todos nós queremos mudar o mundo/Mas quando você fala de destruição/ Você sabe que não pode contar comigo?” (THE BEATLES, 1968).

Em entrevista para a revista Rolling Stone, John Lennon afirmou “Eu pensei que era hora de conversarmos sobre isso, de pararmos de nos isentar sobre a Guerra do Vietnã”.

Naquele mesmo ano, enquanto boa parte das cidades norte-americanas adotavam políticas segregacionistas, os movimentos antirracistas e a luta pelos direitos civis, encabeçados por Martin Luther King Jr, estavam no auge e, influenciados pelo ativismo e a não conformidade com a desigualdade, o grupo musical recusou tocar em um show que proibia a entrada de negros.

O evento foi relembrado por Paul McCartney, em manifestação de apoio, nas suas redes sociais, ao movimento #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em tradução livre), o qual se popularizou em 2020, depois do assassinato do George Floyd, morto por um policial branco em Minneapolis – E.U.A.

O protesto dos Beatles continuou em suas músicas, foram diversas faixas de seus álbuns que expressavam suas opiniões políticas, como “Taxman” que criticava as altas tributações do governo britânico da época; “Blackbird” que protestava contra o racismo vigente nos anos 60 e 70 e “Baby You’re a Rich Man” que questionava a corrupção da burguesia política.

Deste modo, é possível compreender a influência que a banda britânica teve sobre as gerações que acompanharam seu legado. Ao posicionar-se sobre os temas globais de sua época, os Beatles contribuíram, através de sua arte, para que os movimentos sociais fossem propagados e que a caminhada para um mundo melhor diminuísse alguns passos.

REFERÊNCIAS

BATTAGLIA, Rafael. Em 1964, os Beatles se recusaram a tocar em um show segregacionista. Super Interessante, 2020. Disponível em < https://super.abril.com.br/cultura/em-1964-os-beatles-se-recusaram-a-tocar-em-um-show-segregacionista-nos-eua/ > Acesso em: 09 de maio de 2021.

ESTEPHANIA, Camila. Beatles sob um viés social. Folha de Pernambuco, 2016. Disponível em < https://www.folhape.com.br/cultura/beatles-sob-um-vies-social/1692/ > Acesso em: 09 de maio de 2021.

PORQUE OS BEATLES NÃO QUERIAM LANÇAR A MÚSICA “REVOLUTION 1” COMO SINGLE?. Rolling Stone, 2020. Disponível em < https://rollingstone.uol.com.br/noticia/por-que-os-beatles-nao-queriam-lancar-musica-revolution-1-como-single/ > Acesso em: 09 de maio de 2021.