
Yasmin Garcia – Acadêmica do 3º Semestre de Relações Internacionais
Estrelando Emma Stone e Viola Davis, Histórias Cruzadas foi lançado em 2011 e superou bilheterias mundiais, entrando até mesmo no top 10 estadunidense. O longa foi indicado a prêmios importantes, como o Oscar e o Golden Globe Awards – nos quais Octavia Spencer venceu na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Dirigido por Tate Taylor – um diretor então desconhecido -, popularizou-se em sua época de estreia.
A obra retrata a história de Skeeter Phelan, uma recém-formada jornalista que volta para escrever em sua cidade natal, Jackson, no Mississipi.
Local onde ela começa a entrevistar mulheres negras que trabalham para as ricas famílias “brancas” estadunidenses; então, ela conhece Aibileen Clark, empregada de sua melhor amiga – que perdera seu único filho em um acidente na indústria.
Skeeter inicia sua série de entrevistas com a ajudante, por meio das quais ela descobre as atrocidades cometidas contra negros na sociedade. A exemplo disso, pode-se mencionar os quartos, banheiros, pratos e talheres separados; a desumanização das maids, que praticamente criam os filhos das patroas sem receber o mínimo de respeito e dignidade.
É crucial ressaltar que se estava em um cenário de discussões sobre a descriminação racial nos Estados Unidos, com prostestos e movimentos motivados por Marthin Luther King – famoso ativista americano.
Desta maneira, o filme apresenta assuntos importantes, como direitos civis, racismo, e muitas outras relevâncias. Analisá-lo sob uma óptica internacionalista é imprescindível para o crescimento do lado crítico e teórico.
Dentre muitos autores que abordam a temática, Anibal Quijano deve ser honrosamente explanado. O autor discute muito a ideia de raça, argumentando que o conceito foi introduzido pelos europeus desde sua chegada na América.
Os negros, índios e mestiços sofreram com uma espécie de hierarquia e padrão de dominação, onde os colonizadores usaram o elemento “cor” como justificativa para a exploração. Além disso, através do que Quijano chama de Colonialidade do Saber, marginalizou-se todo e qualquer tipo de conhecimento ou inteligência que esses povos poderiam possuir.
É exatamente isso que acontece na película de 2011: os negros são inferiorizados e submetidos a condições quase sub humanas. Os deveres familiares são, fria e cruelmente, repassados para as empregadas, que viram “mães” para as crianças brancas. Em contrapartida, se uma das – absurdas – regras for infringida, as serviçais são despedidas; que é o que acontece com Minny Jackson, que fica desempregada após usar o banheiro de hóspedes na casa de Hilly Holbrook, algo totalmente inadmissível para a socialite, que torna a busca por trabalho de Minny uma verdadeira tortura.
Apesar de ser uma história fictícia, o enredo não está muito longe da realidade: muitos negros ainda são discriminados e julgados. Evidencia-se, aqui, o caso de George Floyd, ocorrido em 2020. O homem foi morto por um policial branco, por causa – em resumo – de sua cor de pele, que fez com que ele fosse visto como alguém “suspeito”.
Portanto, Histórias Cruzadas se faz mais do que necessário para a compreensão e aprofundamento de um tema tão tratado hodiernamente: o racismo. É uma ótima sugestão para o final de semana em casa.