
Anaclara Franco Neri Pragana- Acadêmica do 1° semestre de Relações Internacionais da Unama
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o cenário mundial passou por intensas mudanças. Dentre essas transformações, ocorreram processos de descolonização e busca por independência, tendo como exemplo disso a criação dos atuais países Índia e Paquistão, após o fim do controle pelo império britânico. A partir disso, começaram as disputas pela região da Caxemira, localizada entre o Paquistão e a Índia, com 220 mil km2 e governada juntamente com outros territórios pelo marajá Hari Singh Bahadur.
Com o plano de divisão territorial proferido pelo Parlamento britânico, a Caxemira tinha liberdade para escolher entre Índia e Paquistão, sendo o marajá mais favorável à Índia. Por conta disso, iniciou-se a primeira guerra, em 1947, resultando na divisão da Caxemira, visto que, o Paquistão recebeu um terço do território e a Índia ficou com as outras partes, aumentando a tensão entre os dois países.
A China tem uma área menor de controle, Aksai Chin, que assumiu em 1950. O Conselho de Segurança da ONU propôs um plebiscito para consultar a população acerca da decisão, mas a Índia se opôs. Posteriormente, tiveram mais duas guerras Indo-Paquistanesas, nos anos de 1965 e 1971, também motivadas pela tentativa de controle total da área em questão.
Em 1972, limites territoriais foram definidos, por meio do Acordo de Simla, que pareceu estimular um caminho para a resolução do conflito. No entanto, outros episódios violentos aconteceram ao longo das décadas, sinalizando mais de 70 anos de conflito não resolvido.
Segundo Gehre (2013), por meio da visão de Thomas Hobbes, a guerra visando a ganhos (territórios) está entre as três razões para conflitos na política internacional. Assim, esse é um ponto importante da discussão, mas é válido ressaltar também a questão religiosa e de recursos hídricos.
A princípio, do ponto de vista religioso, a população da parte paquistanesa é de 4,5 milhões e a da Índia tem 12,5 milhões, porém, com 95% da parte indiana formada por muçulmanos. Diante disso, muitas pessoas alegam serem favoráveis à adesão do território ao Paquistão.
O outro fator é o dos recursos hídricos, o qual refere-se às nascentes dos rios Ganges e Indo, principais rios de ambos os países, tendo assinado o tratado do Indo, em 1960, para firmar a divisão das águas.
O Paquistão alega que a postura da Índia é repressora e de tortura aos indivíduos, além de não permitir a consulta popular para que o povo da Caxemira decida o próprio futuro.
A Índia atribui a situação tensa no local ao Paquistão, por usar a região para treinamento terrorista e praticar tráfico de armas, o que seria um auxílio para os atentados que ocorrem. A situação entre as duas nações também afeta a população mundial, por conta que ambas são potências nucleares.
Enquanto os dois países perpassam tantos anos nesse clima de hostilidade, a situação social na Caxemira é preocupante, com saúde precária, alto índice de desemprego, falta de saneamento básico e muita violência.
Por conta disso, a necessidade de diálogo entre as duas partes torna-se cada vez mais recorrente, visto que, tantos anos em guerra para mostrar a força não justificam tanta violência.
Dentro deste cenário é importante a escuta da vontade popular e elaborar negociações a partir disso, para que os países possam colocar à mesa o que querem para si, de maneira que possam revolver suas diferenças e pensar também no enfrentamento das dificuldades vivenciadas pela população, enxergando além de uma disputa territorial. Pois, somente assim será possível evitar mais perdas e retaliações que apenas prolongam a tensão e não caminham para a resolução do conflito indo-paquistanês.
REFERÊNCIAS:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/caxemira.htm