Yasmin Garcia – Acadêmica do 3º Semestre de Relações Internacionais

Os live actions produzidos pela Walt Disney Pictures tão ficando cada vez famosos ao redor do mundo. Com Aladdin, não foi diferente: o longa fez um total de US$ 1 Bilhão de bilheteria desde o seu lançamento, em 2019. Sob a direção de Guy Ritchie e as músicas compostas pelo renomado Alan Menken, o filme foi muito bem aceito pela crítica – e pelos fãs -, lucrando ainda mais que Cinderella (2015).
A adaptação conta a história de Aladdin, um jovem humilde, que descobre uma lâmpada mágica, com um gênio que pode lhe conceder desejos. Agora, o rapaz quer conquistar a moça por quem se apaixonou, mas o que ele não sabe é que a jovem é uma princesa que está prestes a noivar, Jasmine. Com a ajuda do gênio, ele tenta se passar por um príncipe para conquistar o amor da moça e a confiança de seu pai. No entanto, os planos do garoto são atrapalhados por Jafar, o asqueroso e maléfico vizir, que já havia o conhecido. O desenrolar da aventura é conhecida mundialmente, principalmente pela classicidade da história.
Analisar tal obra requer atenção e cuidado por cada mínimo detalhe. Em primeiro plano, é necessário citar que a animação de 1992 foi duramente criticada pelas estereótipos orientais presentes. Por isso, a produção fez de tudo para os mesmos erros não se repetirem na versão nova. Não obstante, alguns aspectos ainda continuaram: Agrabah é representada como um deserto repleto de magias, tapetes voadores, gênios e homens ricos habitando palácios; além disso, os personagens “bons” são quase brancos e têm um sotaque americanizado, enquanto os “maus” têm traços mais exóticos e um sotaque estrangeiro.
Outra referência ocidental, a Arábia, torna-se a primeira música do filme, Arabian Nights. Na versão em inglês, expressões como “bárbaros”, “místico” e “pechincha” são utilizadas, revelando, mais uma vez, o Orientalismo presente na maioria dos filmes de Hollywood – que majoritariamente retrata os povos árabes como perversos, espertos e exóticos.
Somado a isso, temos características que ficaram mais marcantes em dois personagens: Jafar e Jasmine. O primeiro, que se tornou muito mais cruel, possui muitos traços e atitudes que lembram o filósofo realista Nicolau Maquiavel; o vizir dispensa a ética e a moral quando sugere que eles ataquem o reino, que antes era moradia da falecida mãe da princesa, sem contar com sua sede insaciável por poder.
A segunda ganhou muito mais espaço na nova versão do filme: Jasmine agora demonstra mais sua personalidade forte, principalmente quando luta pelos seus direitos de ser sultana sem precisar de um marido para tal; a sua música, Speechless, explicita exatamente isso, sobretudo em partes como “tentou me prender nesta cela, eu não irei simplesmente me entregar e morrer” e “eu não serei silenciada, você não pode me manter quieta”, traduzindo da música original. Essas atitudes se fizeram extremamente essenciais, ainda mais no cenário que se estava vivendo, do crescimento do feminismo.
Portanto, percebe-se que, apesar de ser uma obra voltada ao público infanto-juvenil e apresentar muitos traços fantasiados, o live action de Aladdin pode ser analisado e compreendido sob uma óptica muito mais profunda. Pois, é uma ótima sugestão para assistir no final de semana.