Foto: iStock/Baona

Stefany Rodrigues – acadêmica do 1° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

Para o Neoliberalismo, a construção de instituições fortes é essencial para um Estado ter habilidades em relação à prática da comunicação e cooperação. Para isso, é necessário que os atores tenham interesses em comum. Segundo Keohane e Nye (apud SARFATI, 2005), uma relação de interdependência é definida por efeitos mútuos entre os países, mas nem sempre isso se torna uma coisa benéfica, já que pode delimitar a autonomia de um Estado. Um perfeito exemplo disto é a forte guerra comercial entre China e Estados Unidos, onde apesar de serem inimigos comerciais, ambos sabem que não se sustentariam sozinhos dentro do cenário econômico mundial.

A indústria fast fashion ao longo dos anos vem crescendo cada vez mais com o grande número de consumidores e multinacionais interessadas em lucrar mais e mais em cima desse sistema. Sua fama se caracteriza pelo grande número de peças confeccionadas a partir da tendência dominante na época. A indústria têxtil se tornou uma verdadeira febre nos Estados Unidos, obrigando diversas fábricas a se mudarem para a Ásia, onde os trabalhadores confeccionariam mais roupas e as empresas pagariam menos pela mão de obra. Acontece que esse ramo da moda é um dos mais problemáticos, tendo em vista que usa a mão de obra escrava e materiais sintéticos poluentes no meio ambiente – como a fibra de poliéster, que necessita de mais de 70 milhões de barris de óleo por ano para ser criada e leva 200 anos para se decompor.

Mas, por que uma tendência tão problemática ainda é usada e apreciada por muitas pessoas? Segundo Costa e Rocha (2009), o crescimento se deve ao aumento no número de consumidores, isso sem falar que a forma que tais tecidos são criados não necessita diretamente da safra e do clima, diferente de tecidos biológicos. Quando se trata de economia, a produção têxtil tem destaque no mercado internacional das manufaturas.  Por isso, Márcio Lupatini (2007) faz uma abordagem geopolítica e econômica sobre o tema, mostrando que as empresas de Hong Kong, Taiwan e Coréia do Sul dominam as exportações mundiais de vestimentas desde 1970 e, em 1990, sendo a China e alguns outros países do sudeste e sul da Ásia os maiores fornecedores de produtos têxteis do mundo.

Analisando o período atual, com a forte relação econômica entre os Estados, o significado de high e low politics vão se perdendo com a grande interdependência destes, principalmente durante a década de 1990, onde o globalismo presente mostra que tudo está conectado a tudo, ou seja, com o avanço de redes, podemos perceber que uma interdependência pode interferir na outra, que pode afetar diretamente a economia de não só um Estado.Percebemos então, que sem essa interdependência entre países do Oriente e do Ocidente grande parte da confecção de roupas não seria possível.

Portanto, com o avanço da globalização, com a interdependência complexa e a pluralização, os atores transnacionais têm participado ativamente em debates sobre o meio ambiente e questões humanitárias, criando uma conscientização sobre o que vestimos ao longo dos anos.

REFERÊNCIAS

CONCA, James. Making Climate Change Fashionable – The Garment Industry Takes On Global Warming. Forbes.com. 2015. Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/jamesconca/2015/12/03/making-climate-change-fashionable-the-garment-industry-takes-on-global-warming/?sh=2f52735679e4>. Acesso em: 04 de março de 2021.

TANJI, Thiago. Escravos da moda: os bastidores nada bonitos da indústria fashion. Revista Galileu. 2016 Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2016/06/escravos-da-moda-os-bastidores-nada-bonitos-da-industria-fashion.html> Acesso em: 04 de março de 2021.

COSTA, Ana. ROCHA, Érico. Panorama da cadeia produtiva têxtil e de confecção e a questão da inovação. 2009. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Galerias/Convivencia/Publicacoes/Consulta_Expressa/Setor/Complexo_Textil/200903_05.html >

LUPATINI, M. Relatório Setorial Final – Têxtil e Vestuário. Rio de Janeiro. 2007.

SARFATI, Gilberto. Teorias de Relações Internacionais. São Paulo. 2005.