
Vinicius Pontes – Acadêmico do 3º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
No mundo contemporâneo é possível perceber que as corporações transnacionais têm cada vez mais influência no Sistema Internacional, pois tais empresas se tornam tão grandes e influentes que acabam afetando politicamente de maneiras diversas os países que as hospedam em seus territórios. No capítulo 6 da obra “A economia política das Relações Internacionais” (2002), o autor neorrealista Robert Gilpin tenta explicar os principais efeitos dessa expansão e consequentemente, do aumento de influência dessas corporações multinacionais.
Segundo Gilpin, as empresas multinacionais são empresas oligopolistas que tem como principal objetivo garantir o menor custo de produção de bens destinados aos mercados globais, propósito este que só pode ser alcançado da seguinte maneira:
O objetivo principal da empresa é garantir a produção ao menor custo de bens destinados aos mercados mundiais; um objetivo que pode ser alcançado mediante a aquisição dos locais mais eficientes para suas instalações produtivas ou mediante concessões tributárias dos países hospedeiros. (GILPIN, 2002, p.259)
O autor explica que esse expansionismo das empresas afeta – e é afetado – pela forma que os países se comportam no âmbito político e no âmbito econômico, tendo em vista que a expansão desenfreada dessas empresas representaria a manutenção da hegemonia liberal dos países de origem das transnacionais e a submissão de países associados com agendas que flertam com o socialismo e o nacionalismo (sobretudo os países subdesenvolvidos).
Tais aquisições de locais mais “eficientes” são citadas por muitos críticos do expansionismo coorporativo como abusivas. Por isso, Gilpin considera tal afirmação “genérica”, apesar de ter algumas ressalvas, deixando explícito em seus textos que considera que a expansão das corporações pelo globo traz mais benefícios do que malefícios no fim das contas.
Os críticos afirmam que as empresas multinacionais e investimento estrangeiro pela sua natureza prejudicam “sistematicamente” a sociedade recipiente. Argumentam que as relações entre as empresas estrangeiras e os governos hospedeiros são necessariamente prejudiciais para estes últimos. Essa acusação genérica é lançada não só contra algumas empresas em particular, como também contra as multinacionais como uma instituição. (GIPLIN, 2002, p.275)
Conclui-se que a leitura do pensador é essencial para obter uma compreensão melhor do comportamento das corporações. Entretanto, é necessário levar em conta que o autor não considera muitos aspectos negativos do crescimento do poder das empresas multinacionais como problemas realmente preocupantes, sendo necessário a leitura de outros autores para se ter um entendimento completo.
Referências:
GILPIN, Robert. A economia política das Relações Internacionais (capítulo 6). Brasília: Editora da Universidade de Brasília,2002.