Eduarda Gonçalves – Acadêmica do 3º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A economia é um pilar fundamental no Sistema Internacional. Desde antes do Mercantilismo é possível observar que os fatores econômicos causaram, e ainda causam, atritos, laços e alianças diplomáticas devido à sua importância, sendo um complemento da política. Gilpin (1987) em sua obra “A Economia Política das Relações Internacionais” explicita claramente o quão basilar é a Economia Internacional ao afirmar que, nos últimos séculos, devido às mudanças de organização social, a interdependência entre os Estados no âmbito econômico vêm se mostrando mais aguda, e grande parte disso se dá pelo aumento do fluxo financeiro e tecnológico.

Robert Gilpin faz parte do acervo de teóricos neorrealista de Relações Internacionais, ou seja, apesar de reconhecer que o Estado está com outros atores internacionais, entende que este ainda é o principal ator e única autoridade legítima (SARFATI, 2005). Por isso, dentro da Economia Política Internacional (EPI) Realista, o foco estatal é a atividade econômica voltada para o fortalecimento do Estado, apoiado no interesse nacional, e através desse nacionalismo econômico, a criação da riqueza é vista como base necessária para o aumento de poder do Estado.

A partir disso, Gilpin adiciona a economia como o lócus entre o poder e riqueza, pois dentro de uma relação cíclica a riqueza gera poder e vice-versa. Assim, a economia está relacionada com o poder, concluindo que, para que houvesse hegemonia política, era necessário a presença da variável econômica, isto é, a hegemonia seria igual ao poder força e mais influência econômica.

Ainda seguindo o prisma de Gilpin, para a existência de uma economia liberal é necessário um estabilizador; segundo o teórico, pela Teoria da Estabilidade Hegemônica só seria possível a existência de uma economia política liberal estável caso houvesse uma potência hegemônica por trás, garantindo e sustentando as provisões de bens públicos internacionais, como: uma ordem internacional liberal; a segurança internacional; um sistema monetário estável e fornecedor de empréstimos, em última instância, internacional. A partir desse ponto, o autor rompe com seu antecessor, Kenneth Waltz, ao adicionar a variável econômica para a compreensão do mundo globalizado. Em suma, na Teoria da Estabilidade Hegemônica (TEH), o autor acredita que para ter uma hegemonia na economia é necessário ter uma hegemonia política.

É notório a importância de Robert Gilpin no incremento da economia dentro do sistema, o qual apenas variáveis bélicas e políticas eram levadas em consideração. Apesar de não ser recente o fato do intercâmbio financeiro e tecnológico entre os Estados e não ser uma forma de interação forte, o autor consegue elaborar e afirmar que é imprescindível ter esse fator em mente ao discutir o tema hegemonia, pois, como já afirmado, a economia é um dos pilares do Sistema Internacional, e quem tiver o controle econômico terá muito possivelmente a hegemonia em mãos.

REFERÊNCIAS

GILPIN, Robert. A ECONOMIA POLÍTICA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002

NEUMANN, Raúl Allard. GLOBALIZACIÓN, ROL DEL ESTADO Y RELACIONES INTERNACIONALES EM EL REALISMO DE ROBERT GILPIN. Revista de Estudios Internacionales, 2004.

SARFATI, Gilberto. TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. São Paulo: Editora Saraiva, 2005