Tinica Saida Austin – Acadêmica do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Gilpin (2001), em Global Political Economy: Understanding the Economic Global Order destaca o papel da Teoria da Estabilidade Hegemônica, que tenta explicar as mudanças quais a Economia Política Internacional está aberta ou restrita, com base nas relações de poder entre os principais Estados no sistema mundial. A teoria sustenta que os mercados tendem a ser mais abertos quando um Estado é claramente predominante, especialmente em termos de poder econômico, e que os mercados tendem a ser restritos quando não há poder predominante.

De acordo com os relatórios do The Guardian, a Crise Financeira Global de 2008 foi um fenômeno complexo que teve efeitos em escala mundial devido à quebra dos mercados e uma série de eventos que levaram aos resultados em espiral (MATHIASON, 2008). Nos Estados Unidos da América, a crise começou com o colapso do mercado hipotecário junto com os mercados financeiros relacionados; já o colapso subsequente do Lehman Brothers, em 2008, (o maior banco de investimento do Estados Unidos, com 25.000 funcionários em todo o mundo, na época) resultou em um aumento acentuado do risco de crise global.

 Os problemas nos países em desenvolvimento, como os países da América Latina, já estavam presentes, mas, com os efeitos da crise financeira houve a redução das exportações, aumento da pobreza e perda de empregos. As ajuda e entradas de capital foram diminuído mais que o esperado (Banjaras, 2010). Mas por que a crise financeira iniciada nos Estados Unidos afetou gravemente o resto do mundo e em particular os países em desenvolvimento da América Latina?

A teoria da Estabilidade Hegemônica mostra que o poder predominante no caso dos Estados Unidos teve grandes efeitos globalmente por causa da quebra do mercado e também pelo fato de que as transações internacionais, o comércio e as taxas de câmbio foram totalmente acionadas pelos EUA e o mundo tornou-se mais interconectado. Por isso, a Interdependência Complexa de Nye e Keohane (1977) complementa esta análise em que os autores enfatizam que vivemos em uma era de interdependência na qual os Estados estão interconectados por conta de laços crescentes. Devido a isso, os atores transnacionais tornam-se mutuamente dependentes, ou seja, vulneráveis às ações uns dos outros e sensíveis às necessidades uns dos outros.

A OCDE (2010) descreve três maneiras diretas de como a crise financeira afetou o comércio internacional, incluíndo: a demanda e renda globais, o financiamento do comércio e a composição dos bens comercializados internacionalmente. Assim, percebe_se que nenhuma economia é autossuficiente, pois, foi devido à complexa interdependência das economias da América Latina e de outros Estados em desenvolvimento que os efeitos da ruptura no mercado estadunidense, em vez de proporcionar Estabilidade hegemônica, causaram uma grande onda de instabilidade.

Sendo assim, Robert Gilpin (2001) afirma que uma economia internacional liberal só pode ser formada e mantida por meio do apoio do Estado ou Estados mais poderosos do Sistema. No entanto, os eventos de 2008 mostram que, quando o hegemon quebra, os efeitos são drásticos para as nações em desenvolvimento por conta da complexa interdependência que possuem.

REFERÊNCIAS

BARAJAS A, The Global Financial Crisis and Workers’ Remittances to Africa: What’s the Damage? 2010: IMF Working Paper WP/10/24, Washington DC: International Monetary Fund. Disponível em www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2010/wp1024.pdf acesso em 14 de fevereiro de 2021

GILPIN, Robert. Global Political Economy. Princeton University Press. United Kingdom:2001 Pg. 93-95.Disponívelem:<https://dl1.cuni.cz/pluginfile.php/264754/mod_resource/content/1/Gilpin_Global%20Political%20Economz.pdf> acesso em 14 de fevereiro de 2021

JACKSON,R AND SORENSEN,G. Introduction to International Relations,theories and approaches. Oxford University Press: United Kingdom, 2016 p-105 Power and Interdependence

KEOHANE, R. O; NYE, J. Power and Interdependence: World Politics in Transition. Boston: Little Brown, 1977.

MATHIASON, Nick. Three weeks that changed the world. The Guardian:2008. Disponível em<https://www.theguardian.com/business/2008/dec/28/markets-credit-crunch-banking-2008>acesso em 14 de fevereiro de 2021

OECD (2010): Trade and Economic Effects of Responses to the Economic Crisis, Trade Policy Studies, Paris. Disponível em < https://www.oecd.org/publications/trade-and-economic-effects-of-responses-to-the-crisis-9789264088436-en.htm> acesso em 14 de fevereiro de 2021