Maria Bethânia Galvão e Natalia Antunes – Acadêmicas do 3º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A união dos dois termos “ecologia” e “turismo” já introduzem a explicitação da ideia de ecoturismo, que significa o desenvolvimento da atividade turística de maneira a preservar os recursos naturais de um bioma, pois necessita da matéria prima para sustentar-se, e a partir disso garante a não eliminação desses recursos. Ademais, o ecoturismo é uma atividade rentável, a qual oferece oportunidades de emprego para as comunidades locais, como em viagens, pequenos restaurantes, passeios, vendas de artigos artesanais etc., abrindo espaço para os negócios populares, assim, movimentando a economia regional.

Nesse seguimento, o ecoturismo é um grande aliado para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, tendo em vista o nível elevado de degradação ambiental do seu território por meio da exploração desenfreada dos seus recursos pelas atividades tradicionais do extrativismo vegetal, assim como as problemáticas que envolvem a marginalização dos povos tradicionais e comunidades locais diante desse esse processo. Por essas razões, é extremamente válido investir em um setor da economia que priorize a sobrevivência dos ecossistemas, garantindo também o bem-estar da população local. Nessa lógica o ecoturismo estabelece sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, como afirma a turismóloga paraense Ana Valéria Endres (1998): “Tal desenvolvimento é caracterizado por uma melhora na qualidade de vida das populações humanas, sem causar, necessariamente, um aumento da quantidade de recursos consumidos”.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, no Brasil, o ecoturismo cresce 65% ao ano em relação aos 15% do turismo convencional, essa atividade segue se desenvolvendo no país e tende a aprimorar os investimentos e continuar crescendo. Apesar desse cenário de grande potencial, na região amazônica o ecoturismo ainda é incipiente e pouco desenvolvido. Por isso, faz-se necessário ressaltar os seus benefícios e a sua importância para o bem-estar ambiental do mundo como um todo.

Outra indicação para o descaso sofrido pela região é a forma como a sua maior – e talvez mais conhecida – característica é completamente ignorada pelo governo brasileiro, a sua biodiversidade. Segundo a autora Violeta Loureiro, essa é a maior riqueza da Amazônia, e é desconsiderada pelos planejamentos e pelas atividades de exploração econômica que ocorrem ali, como a pecuária, a exploração madeireira e a garimpagem.

Essas atividades ignoram as características intrínsecas da floresta amazônica, que poderiam ser exploradas sem causar danos ambientais e gerando bastante lucro. Consoante, o professor Ralf Buckley, autor de vários livros sobre turismo autossustentável, o ecoturismo, uma vez que bem estabelecido, é diversas vezes mais lucrativo do que as indústrias não sustentáveis presentes na Amazônia. O autor conclui que essa indústria, que produz cerca de 1 trilhão de dólares ao ano no mundo, funcionou em países com florestas tropicais, gerando empregos, lucro e protegendo tanto os biomas quanto as populações locais.

O turismo ecológico favorece a individualidade das florestas tropicais, funciona como um conjunto fiscalizador da qualidade do meio ambiente, ajuda na gestão de áreas protegidas, enxerga a população local como ator social e a insere efetivamente nas atividades econômicas, além de ser comprovadamente mais lucrativo. Desse modo, faz-se necessária uma reforma no modelo econômico vigente na região amazônica uma vez que as políticas públicas e os projetos econômicos vigentes não levam em consideração a cultura e o povo amazônida.

A discussão aqui apresentada abre um leque bastante amplo de pesquisas. Algumas delas são indicadas abaixo:

Em primeira análise, cabe destacar a temática acerca de todas as questões que envolvem a função do turismo ecológico como uma ferramenta de proteção florestal, é imprescindível reconhecer o impacto dessa atividade em desacelerar o ritmo do desmatamento na Amazônia, tal perspectiva compõe a pesquisa de GAZONI & BRASILEIRO (2018).

Outra importante pesquisa diz respeito ao desenvolvimento da sustentabilidade e do turismo, os quais envolvem conflitos que necessitam de soluções para fazer valer um projeto tão caro à região, isso pode ser tratado na pesquisa de ENDRES (1998). Por fim, a partir da compreensão histórica da Amazônia no aspecto político, econômico e geográfico, pode-se fazer inferências sobre a questão do ecoturismo. Relacionado a isso, a obra de LOUREIRO (2002) dialoga com essa temática.

REFERÊNCIAS:

AMAZÔNIA, IPAM. Cartilhas: A importância das florestas em pé. Disponível em: < https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/a-importancia-das-florestas-em-pe/ > Acesso: 11 de fev de 2021

ENDRES, Ana Valéria. Sustentabilidade e Ecoturismo: Conflitos e Soluções a Caminho do Desenvolvimento. Turismo em Análise: São Paulo, 9( f): 37-50, maio 1998.

GAZONI, Jefferson Lorencini; BRASILEIRO, Iara Lucia Gomes. O turismo como um instrumento de proteção florestal na Amazônia: uma análise multivariada. Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(3), pp. 23-46, set./dez. 2018.

GERAL, Arquivo. Turismo é alternativa ao desmatamento na Amazônia. Jornal de Brasília: 19 de nov de 2018. Disponível em: < https://jornaldebrasilia.com.br/brasil/turismo-e-alternativa-ao-desmatamento-da-amazonia/ > Acesso em: 12 de fev de 2021

LOUREIRO, Violeta Refkalefsky. Amazônia: Uma História de Perdas e Danos, um Futuro a (Re)Construir. Revista USP: Estudos Avançados 16 (45), 2002.

WENTZEL, Marina. Como o Brasil pode ganhar dinheiro com o turismo ecológico sem derrubar a Amazônia. BBC Brasil: 7 de set de 2019. Disponível em: < https://jornaldebrasilia.com.br/brasil/turismo-e-alternativa-ao-desmatamento-da-amazonia/ > Acesso em: 14 de fev de 2021