Paula Castro – Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
O profissional de Jornalismo é extremamente importante e relevante em qualquer parte do mundo, pois é quem trabalha com a investigação e com a divulgação de fatos que são relevantes para a sociedade, o que muitas vezes põe em xeque os interesses de vários agentes sociais, como Estados nacionais e as grandes corporações. Por este motivo, a profissão de jornalista é considerada uma das mais perigosas do mundo para se exercer, levando em consideração que, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), diversos profissionais dessa área sofrem censura, violência e até punição de morte por estarem exercendo seu trabalho.
Na Amazônia, o grande desafio é exercer o Jornalismo em meio a uma região socioeconomicamente vulnerável. Em relação à floresta, a mais rica em biodiversidade do planeta, há um grande índice de pobreza entre os moradores dessa região. Por conta dessa enorme desigualdade social nos estados brasileiros que fazem parte da Amazônia Legal, por vezes torna-se difícil que a informação midiática chegue ao conhecimento de toda a população local. De acordo com um dado divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2020, os dois estados brasileiros com maior índice de domicílios sem acesso à internet são o Acre e o Amazonas, respectivamente, e ambos se localizam na região amazônica.
Para o teórico Robert Wendzel (1987, apud MARINUCCI, 2008), a revolução da comunicação, ocasionada pelo avanço tecnológico, resultou em mudanças significativas nas relações internacionais. Além da constante preocupação governamental em manter uma boa propaganda e a usar como um bom instrumento de persuasão, a mídia também é importante para a formulação da opinião pública, o que evidencia a força desse novo ator que se consolidou no cenário internacional.
Ademais, para os autores neoliberalistas das Relações Internacionais, Joseph Nye e Robert Keohane (1989), a partir da teoria da Interdependência Complexa, os Estados não mais são os únicos agentes relevantes no cenário internacional, apesar de ainda serem os principais. Os autores também levam em consideração o papel fundamental de atores não-estatais – como a mídia, movimentos sociais, corporações transnacionais – na política e na economia mundial, alegando que “os Estados são os atores principais da política internacional contemporânea, mas eles já não mais possuem o palco apenas para si” (KEOHANE, NYE, 1989, apud DI SENA JUNIOR, 2002).
Desta maneira, podemos destacar o trabalho da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que é uma Organização Não-Governamental independente, que atua desde 1985 para defender a democracia e a liberdade de expressão no mundo inteiro, tendo em vista a realidade de diversos países e as regiões que enfrentam múltiplos problemas com a disseminação de informações, como a censura dos meios de comunicação impostas pelos governos locais e os atos de abuso e violência contra jornalistas, divulgando também relatórios e dados de países que cometem esses tipos de violações contra os Direitos Humanos.
Portanto, conclui-se que a Amazônia é um local complicado para atuar na área do Jornalismo, tendo em vista a vulnerabilidade social da região, pois, o trabalho de jornalista é um desafio diário para aqueles indivíduos que o exercem, principalmente em locais com um alto índice de desigualdade. Apesar de existirem organizações que lutam em prol do respeito e da integridade desses profissionais, o jornalismo ainda é uma área que necessita ser mais valorizada no mundo inteiro.
REFERÊNCIAS:
JÚNIOR, Roberto Di Sena. Poder e interdependência: Perspectivas de análise das Relações Internacionais na Ótica de Robert O. Keohane e Joseph S. Nye. Acesso em: 07/02/2021. Disponível em: <http://xoomer.virgilio.it/leonildoc/curso/ri18.htm>.
KEOHANE, Robert; NYE, Joseph. Power and Interdependence. Acesso em: 06/02/2021. Disponível em: <https://hostnezt.com/cssfiles/internationalrelations/Power%20and%20Interdependency%20Keohane%20and%20Nye.pdf>.
MARINUCCI, Raquel Boing. Relações Internacionais e Mídia. Acesso em: 06/02/2021. Disponível em: <https://www.rel.uniceub.br/relacoesinternacionais/article/viewFile/836/712>.OIT: In today’s world, journalists face greater dangers. Acesso em: 06/02/2021. Disponível em: <https://www.ilo.org/global/publications/world-of-work-magazine/articles/WCMS_081327/lang–en/index.htm>.
Profissão perigo: as 10 carreiras mais arriscadas do mundo. Acesso em: 06/02/2021. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/carreira/profissao-perigo-as-10-carreiras-mais-arriscadas-do-mundo/>.
Repórteres Sem Fronteiras. Acesso em: 07/02/2021. Disponível em: <https://rsf.org/pt>.
ROLIM, Dayana. A POBREZA E A RIQUEZA NA REGIÃO AMAZÔNICA E A CONTRIBUIÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: o Estado do Amazonas em foco. Acesso em: 07/02/2021. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2015/pdfs/eixo4/a-pobreza-e-a-riqueza-na-regiao-amazonica-e-a-contribuicao-da-politica-de-assistencia-social-o-estado-do-amazonas-em-foco.pdf>.
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