Yasmin Garcia – acadêmica do 3º Semestre de Relações Internacionais

A premiada animação, que chegou ao Brasil dia 04 de janeiro de 2018, conta a história de Miguel, um menino de 12 anos que sonha em seguir o ramo musical, mas, a sua família é totalmente contra. Depois de uma série de acontecimentos envolvendo o Dia de Los Muertos e o violão de Ernesto de La Cruz, ídolo do garoto, Miguel embarca em uma aventura no Mundo dos Mortos, onde ele encontra seus falecidos parentes e faz um amigo, Hector.
No decorrer da trama, o pequeno mexicano descobre segredos sobre sua família e até mesmo sobre Ernesto de La Cruz, quem se releva um homem ruim e de mau caráter. Mas, O desfecho da história é emocionante, com a comovente cena entre Miguel e sua Bisavó, Mama Inês, personagem imprescindível para o contexto.
O longa-metragem recebeu Oscar por “Melhor Filme de Animação” e “Melhor Canção Original”, além de um Globo de Ouro por “Melhor Filme de Animação”, concorrendo também a várias categorias no Critics’ Choice Movie Awards, o que demonstra o sucesso e a ótima aceitação do filme pelos fãs e críticos ao redor do mundo.
Apesar de ser uma obra majoritariamente voltada ao público infantil, Viva traz questões sociais essenciais, como a desigualdade entre as classes mais ricas e pobres. Pois, no Mundo dos Mortos, as pessoas que são lembradas por seus entes possuem casas luxuosas e boas estruturas, enquanto os que não são homenageados moram em uma espécie de subúrbio, onde todos os residentes são esquecidos e, aos poucos, desaparecem. Por isso, quase explícita a alusão à realidade, na qual os que têm renda baixa são completamente desprezados pelo resto da população, ao passo que os indivíduos de renda alta recebem toda a atenção.
Outrossim, é notável a representação cultural que o filme faz ao México, pois, as cores, os cenários e os figurinos demonstram a inspiração dos produtores nos aspectos mexicanos de vida. Ainda assim, alguns estereótipos, um tanto quanto “normalizados” foram utilizados: a cidade em que a história se passa apresenta traços de um povo pobre e interiorano; a exemplo disso, a própria parentela do protagonista é composta por fabricantes de sapatos, tendo isso como uma profissão quase que hereditária – implicitamente mostrando a impossibilidade de mudança na vida profissional, fato que muda no final do filme.
Entretanto, a cultura latina ainda é muito bem exposta e traços de suas crenças são bem utilizados: o feriado que contextualiza a trama, Día de Los Muertos, os guardiões animais e todo o ritual feito para relembrar os entes queridos já falecidos.
Portanto, infere-se a importância do filme para a construção de uma imagem positiva, em sua maioria, dos traços sociais e culturais do México, um país rico em diversidade e com muito a ser explorado. Por isso, sob esse viés, não é de se impressionar as diversas premiações que a animação recebeu durante seu ano de estreia. Viva – A Vida é uma Festa é um longa-metragem para todas as idades e que emociona da mais nova criança até o mais velho adulto com sua história envolvente.