
Alana Andrade – Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
O campo de estudos da Análise de Política Externa (APE) é extenso e pode cobrir as atividades externas de governos subnacionais, de Estados e de regionalismos supranacionacionais, umas vez que, estes possuem uma política externa planificada e coerente (SÁLOMON; PINHEIRO, 2013). Portanto, ao investigar as ações internacionais de unidades particulares, é possível fazer uso da APE para estudar certas práticas dos Estados que levem a um novo alinhamento da política externa, que na América do Sul, foi voltado para os próprios vizinhos do hemisfério sul durante o início do milênio.
Tentando superar o fiasco econômico da década de 90, diversos países em desenvolvimento, especialmente a América do Sul, buscaram no início do século XXI formas autônomas de inserção no sistema de globalização, procurando suprir a grande brecha existente entre estes países e os ditos “desenvolvidos” a nível econômico (VIGEVANI; RAMANZINI JÚNIOR, 2014). Por isso, o concerto mundial estabelecido até então, já possuía suas instituições e regras vigentes que regiam o sistema econômico e político, mantendo a ordem em questão, o que leva a estes novos players internacionais, a necessidade de vias alternativas que abarquem seus interesses de autonomia.
A eleição de partidos centro-esquerda na maioria dos países da América do Sul no início do século propiciou a convergência política para a articulação de conferências multilaterais que objetivavam o aumento da integração no subcontinente, uma vez que, apesar da existência da OEA (Organização dos Estados Americanos), tal arena confere aos Estados Unidos um papel preponderante na resolução de conflitos, o que poderia vir influenciar nos planos de maior autonomia dos países da América do Sul (SERBIN, 2009; BARNABÉ, 2011).
Dessa forma, a própria criação da Unasul em 2008, reverbera o novo foco da política externa sul-americana de modo geral, mais voltada para seus vizinhos, e a reafirmação da sua autonomia política, sem a ameaça dos países mais ricos. Mas também, assim como a constituição do Conselho de Defesa Sul-Americano, ela integra novas vertentes ao novo alinhamento dos Estados.
Por isso, é importante salientar que ao utilizar as ferramentas analíticas da APE, é permitido perceber que as decisões governamentais entre 2000 e 2010 levam os países da América do Sul a pensar uns aos outros como seu foco de política externa, a partir da regionalização em organismos internacionais, que visava a manutenção da autonomia dos países sul-americanos, que era constantemente ameaçada por conta de seu atraso econômico frente aos outros Estados. Portanto, este novo alinhamento não serviu apenas na esfera financeira a partir da relação mais comercialmente igualitária, mas também no campo político e na defesa, criando um relacionamento mais coeso na região.
REFERÊNCIAS
BARNABÉ, Israel Roberto. Unasul: desafios e importância política / Unasur: challenges and political importance. Mural Internacional, [S.l.], v. 2, n. 1, p. 40-48, jun. 2011. ISSN 2177-7314. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/muralinternacional/article/view/5380>.
SALOMÓN, Monica e PINHEIRO, Leticia. Análise de Política Externa e Política Externa Brasileira: trajetória, desafios e possibilidades de um campo de estudos In: Rev. Bras. Polít. Int. 56 (1): 40-59 ,2013.
SERBIN, Andrés. A América do Sul em um mundo multipolar. A Unasul é a alternativa?. Nueva Sociedad, [S. l.], n. 219, p. 4-16, dez. 2009. Disponível em: http://www.nuso.org.
VIGEVANI, Tullo; RAMANZINI JÚNIOR, Haroldo. Autonomia, Integração Regional e Política Externa Brasileira: Mercosul e Unasul. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, 2014.