
Eduardo Oliveira – Acadêmico do 6° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A teoria Neoliberal das Relações Internacionais, postulada por Joseph Nye e Robert Keohane (1977), é uma das principais ferramentas de análise nos estudos das Relações Internacionais. Por seu caráter abrangente, amplia as discussões para além do campo de segurança e defesa, dando forte importância ao poder econômico, uma das vertentes do Hard Power, o qual detém enorme capacidade de influência diante da Interdependência Complexa e da ampliação da economia para âmbito internacional.
Tal teoria dá ênfase também a novos atores, outrora com baixa visibilidade, os quais fazem parte do bojo relacional no sistema internacional contemporâneo. Nesse sentido, os chamados Temas Globais, tratados por esses novos atores, as Organizações Internacionais, possuem grande relevância e emergência, pois são temas que os estados unilateralmente não conseguem resolver, surgindo a necessidade de se construir arranjos institucionais ad hoc, adotando o multilateralismo como ferramenta sine qua non.
Entre acusações de fraude, judicialização eleitoral e 37 dias de espera, a vitória Democrata de Joe Biden e Kamala Harris foi cimentada após reunião dos Delegados eleitorais nos Estados Unidos. As eleições estadunidenses foram um dos marcos mais significativos no sistema internacional de 2020 devido sua enorme capacidade de influência, sobretudo no que tange às parcerias internacionais bilaterais ou multilaterais.
O governo do país retornará, a partir de 2021, a adotar teor mais moderado em seus discursos do que aqueles vistos durante os quatro anos do governo de Donald Trump, além de se reinserir em Organismos Internacionais, como o Tratado Paris e Organização Mundial da Saúde. O retorno democrata enseja, portanto, condições favoráveis ao multilateralismo, o qual tem a capacidade de diminuir os efeitos perversos do egoísmo e da anarquia sobre o sistema. (ARRAES, 2013, p.55).
Segundo Pedro Sánchez, chefe do governo da Espanha, a vitória de Biden é também uma vitória para a União Europeia, tendo em vista o “esfriamento” das relações entre o país e o bloco durante o governo republicano. Sánchez lembrou os reajustes tarifários feitos por Trump que afetaram importantes setores da economia, como o agronegócio. Aumentou também os impostos sobre o aço e alumínio da União Europeia, além de ameaçar taxar as importações automobilísticas da Alemanha. Para ele, Biden representa o retorno do multilateralismo através de frutíferas relações comerciais.
Nesse sentido, a teoria Neoliberal volta a ter poder analítico sobre a política externa Estadunidense na medida em que o país se reinsere multilateralmente, como é o caso das relações Estados Unidos – União Europeia, ensejando caráter pragmático dentro do governo, abandonando qualquer face do isolacionismo não condizente às novas lógicas e dinâmicas internacionais.
REFERÊNCIAS:
ARRAES, Virgílio; GEHRE, Thiago. Introdução ao Estudo das Relações Internacionais. Ed.1. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013.
Colégio Eleitoral confirmou a vitória de Biden. Fim da linha para Trump? BBC News Brasil, Washington, 14, Dez, 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55297749 Acesso em: 19. Dez, 2020.
Vitória de Biden é “uma boa notícia” para União Europeia, diz líder espanhol. Correio Braziliense, Brasília, 17, novembro, 2020. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2020/11/4889479-vitoria-de-biden-e-boa-noticia-para-uniao-europeia-diz-lider-espanhol.html Acesso em: 18. Dez, 2020.