Acadêmicas de Relações Internacionais da UNAMA

Anna Victhoria Oliveira

Érica Nascimento

Maria Eduarda Diniz

Tinica Austin

Após o regime ditatorial-militar, que durou 25 anos, o Brasil passou por diversos governos até chegar à transição para o regime liberal-democ rático de José Sarney. Quando Sarney assumiu o poder, ele precisou fortalecer o sistema democrático, estabilizar a economia e diminuir as vulnerabilidades no cenário internacional, buscando um desenvolvimento nacional mais autônomo.

Segundo Prado e Miyamoto (2010), o Brasil ficou em posição desvantajosa devido às pressões de liberação comercial decorrentes do governo estadunidense e à defesa pelo fim do tratamento diferenciado aos países em desenvolvimento pelo princípio da reciprocidade. Neste período, ele passou a ser visto como país de industrialização recente, o que dificultou sua inserção no cenário global e, tendo suas relações com o país norte-americano estremecidas, o Brasil começou a focar na sua integração regional, almejando parcerias fora do âmbito latino-americano, com os países da Europa Ocidental, África Subsaariana, Ásia, dentre outros.

A ascensão da China, no entanto, foi um ponto estratégico para a política externa brasileira e Zhiwei (2019) aborda o quanto a relação política, econômica, comercial e cultural entre Brasil e China se desenvolveu rapidamente. Em meados dos anos 70, antes do Governo Sarney, a política brasileira apresentava um alinhamento automático com os EUA, mas isso mudou para um posicionamento mais pragmático, aproximando cada vez mais o Brasil de países do terceiro mundo.

Quando José Sarney assumiu a presidência, ele procurou diversificar sua estratégia diplomática e viu na China uma parceria para o desenvolvimento do país, afinal, como países emergentes, ambos tinham necessidades mútuas, as quais eram o ponto de partida para o desenvolvimento de relações e de cooperações bilaterais entre as nações.

Zhiwei (2019) diz que, do ponto de vista brasileiro, a relação com os chineses despertou o princípio de igualdade e reciprocidade e a crise financeira pela qual passavam os brasileiros devido à década perdida e o status quo do cenário internacional criaram oportunidades de cooperação entre os dois países.

Já na década de 90, após o governo de José Sarney, a cooperação Brasil-China continuou a evoluir, dando resultado ao que se chamou de parceria estratégica, na qual ambos revelaram seu potencial econômico através da diplomacia multilateral, nos anos 2000, a relação bilateral se intensificou e o presidente Lula colocou sua relação com o país chinês no topo da política externa brasileira, em 2009, o vice-presidente chinês Xi Jinping ratificou que a China e o Brasil são duas potências emergentes cuja cooperação transcende as relações bilaterais.

No governo de Jair Bolsonaro, porém, a cooperação Brasil – China viu-se fragilizada graças ao forte alinhamento automático que o presidente brasileiro obtinha com o ex-presidente Donald Trump e, em diversos momentos, Bolsonaro induziu ao entendimento de que a relação bilateral com os chineses era assimétrica e, apesar de os chineses serem os maiores consumidores de produtos agrícolas e de minerais do Brasil, a balança comercial estaria deficitária, o que se configurou um equívoco, uma vez que os chineses contribuíram positivamente para o superávit da balança comercial brasileira (BUENO, 2019).

Contudo, ao longo da trajetória de cooperação bilateral entre Brasil e China, a partir do Governo Sarney, observou-se uma boa parceria para ambos, mas, mais precisamente da parte brasileira, a China tem sua importância na recuperação de momentos de crises econômicas ou, até mesmo, políticas, já que a relação se intensificou a partir do momento em que o presidente Sarney buscava maior autonomia política, reerguendo, desta maneira, a democracia.

REFERÊNCIAS
BUENO, André. Relações Brasil – China: Novas perspectivas. X Simpósio Electrónico Internacional sobre Política China. 10ª Edição.

PRADO, Débora Figueiredo Barros; MIYAMOTO, Shiguenoli. A Política Externa do Governo José Sarney (1985 – 1990). Revista de Economia e Relações Internacionais. v.8, nº16, Jan.2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Shiguenoli_Miyamoto/publication/216799830_A_politica_externa_do_governo_Jose_Sarney_1985-1990/links/02e7e532f90730a469000000/A-politica-externa-do-governo-Jose-Sarney-1985-1990.pdf#page=67 Acesso em 28/11/2020.

ZHIWEI, Zhou. Prospect of China-Brazil Relations from the Perspective of “The Belt And Road Initiative”. Revista Mundo e Desenvolvimento. v.I, nº2, 2019. Disponível em: https://ieei.unesp.br/index.php/IEEI_MundoeDesenvolvimento/article/view/43/34. Acesso em 28 de novembro de 2020.