
Natalia Antunes – acadêmica do 2° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
O Dia Internacional da Tolerância foi criado no ano de 1996, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), com o intuito de combater qualquer forma de intolerância e clamar por respeito às diversidades que compõem as diferentes nações, povos, culturas e religiões do globo. Desse modo, o dia 16 de novembro representa, desde então, um grito de toda a sociedade pela paz e pela solidariedade. No ano de 2019, ao fazer uma declaração sobre o Dia Internacional da Tolerância, a diretora-geral da UNESCO afirmou que essa virtude nunca foi mais vital, tendo em vista a era de extremismo conflituosa e violenta que o mundo vive, atualmente.
A palavra tolerância pode ser entendida como aceitação – quando alguém aceita as particularidades de outra pessoa ou de outro grupo social; quando não, porém, usualmente, há a tentativa de impedir a particularidade do outro, que por sua vez pode levar à violência. Se pensarmos na intolerância, no âmbito internacional, tal temática é ainda mais complexa , pois, quando um Estado não respeita as diferenças do outro, isto é,quando há a intervenção na soberania de outra nação, a disseminação e a força da violência são amplificadas. Por isso, o cenário internacional se organiza de forma anárquica, ou seja, sem uma centralização de poder, porque a organização é baseada na coletividade e na autoadministração e é nessa forma de organização vigente que há tantos conflitos, seja físico ou ideológico, que podem ser consideradas provenientes da intolerância e das relações de poder (ONU, 2019).
Sob o ponto de vista de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), autor que contribuiu para a teoria idealista das Relações Internacionais, garantir a liberdade e a segurança do homem só é possível quando o homem se submete a um contrato social. Ao aplicarmos esse pensamento no cenário internacional, seria correto afirmar que o anarquismo não serve à sociedade que está em busca da paz, logo, é necessário que os Estados se submetam a um contrato social que estabeleça a paridade entre eles, colocando o interesse geral acima do interesse individual (BECKER, 2010).
Ainda que não exista no sistema internacional uma centralização de poder, existem agentes internacionais que buscam regular as relações entre países, como a própria ONU, que foi criada após a Segunda Guerra Mundial, a fim de impedir guerras e estabelecer a paz. o Porém, a falha ainda existe porque, ao contrário do que propôs Rousseau, não há igualdade entre os membros que se sujeitam ao contrato social proposto por essas organizações, pois, algumas potências detêm o maior poder de influência e conseguem colocar os seus interesses, as suas crenças e os seus valores acima dos valores, das crenças, dos interesses de outros países (BECKER, 2010).
Entende-se pela teoria de Rousseau, portanto, que a tolerância é o fim dos problemas socialmente construídos e tão difundidos no mundo atual, como: a xenofobia, o racismo, o machismo, a homofobia e outras formas de preconceito. Mais que isso, entende-se que a tolerância é para o cenário internacional, pois, um modo de findar os conflitos, abrindo um caminho para o estabelecimento da cultura da paz.
REFERÊNCIAS
ONU NEWS. Em dia internacional, ONU diz que tolerância nunca foi tão importante. 15 novembro 2019. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/11/1694671. Acesso em: 12 nov 2020.
BECKER, Evaldo. Rousseau e as relações internacionais na modernidade. Cadernos de Ética e Filosofia Política 16, 1/2010, pp. 13-32. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cefp/article/download/82590/85553/. Acesso em: 12 nov 2020.