
Larissa Schoemberger – acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Nas vésperas das eleições estadunidenses, o mundo todo está ansioso para saber quem vai ser eleito, e não só que rumo vai tomar os EUA, mas também, como ele vai continuar inserido cenário internacional. Antes de abordar esse tópico, faremos um breve resumo, para quem não está familiarizado com o sistema eleitoral norte americano.
Pode não ser do conhecimento de todas as pessoas, mas, sabe-se que o sistema eleitoral nos EUA é um sistema colegiado, e o que isso significa? Bom, significa que quando os americanos votam, eles não estão votando diretamente nos candidatos à presidência, no caso, Trump e Biden, mas sim, em membros do chamado “colégio eleitoral”- organismo que tem a função de eleger o presidente.
Cada um dos estados norte-americanos tem um certo número de delegados que é baseado no tamanho da sua população, por isso, existem estados-chave para conseguir a maioria de votos.
Atualmente existem 538 delegados ao todo, ou seja, 538 votos, logo, o candidato à presidência precisa ter a maioria de votos para se eleger, no caso, cerca de 270 votos ou mais. Na maioria dos estados, o candidato que ganha no voto popular fica com os votos de todos os delegados daquele estado, e é por isso que alguém pode receber menos votos populares, entretanto, o candidato ainda pode obter a maioria dos votos no colégio eleitoral (BBC, 2020).
A partir daí, podemos pensar qual seria a postura adotada pelo EUA, de acordo com cada um dos dois candidatos, que estão concorrendo, segundo o pensamento de John H. Herz. O estudioso germânico retrata o mundo bipolar pós-guerra fria e cria a teoria do dilema de segurança que puxa mais para a vertente política realista (HERZ, 2020).
Por isso, iremos comparar essa teoria com as ações tomadas pelo republicano Donald Trump, o qual, tem ações mais isolacionistas voltadas para os seus próprios interesses de segurança e maximização de poder, conceituado de nacionalismo integral. Caso ele seja reeleito, saberemos que ele possui a aprovação de parte da população em relação as suas ações já tomadas durante a sua presidência. Desta forma, as suas ações serão consideradas como um reforço positivo, pois, além de ter tal postura, ele encoraja a população a continuar com essa postura isolacionista, misógina e preocupado com os próprios interesses.
Agora, considerando as ações que o democrata Joe Biden tem tomado durante a sua candidatura, nós podemos perceber qual postura será adotada em sua presidência, ou seja, a postura será de acordo com o‘Realismo Liberal’ de Herz – como Nye diria, Biden usa estratégias de ‘smart power’.
Com isso, não se espera que Biden seja um presidente mais voltado para a vertente política idealista como foi o Obama, pois, isso se deve ao fato que ele não é da ala esquerdista dos democratas, mas sim, centrista. Faltando poucos dias para as eleições, Biden lidera com 9% sobre Trump, conseguindo uma maior vantagem em 24 anos (BENEVIDES, 2020).
Como fica a relação Brasil-EUA no meio de tudo isso? Percebe-se que o governo atual é apoiador de Trump, logo, já sabemos que o apoio brasileiro é para a reeleição do atual presidente estadunidense. Caso ele consiga se reeleger, acredita-se que a sua relação com o Brasil vai se manter de forma unilateral e com falta de reciprocidade da parte estadunidense, além de continuar as pressões para boicotar a empresa chinesa Huawei.
Caso a vitória seja de Joe Biden, o democrata, pode haver uma drástica mudança no relacionamento dos países, visto que, o governo Bolsonaro é pró-Trump, e espera-se uma forte pressão do governo Biden em cima do Brasil para uma melhora em termos de proteção ambiental (IORIS, 2020).
Independentemente de quem irá ganhar as eleições, portanto, uma coisa é certa: as tensões com a China tendem a continuar, pois, os EUA- conhecido como uma antiga hegemonia- enxerga a China como uma potência em ascensão que vai disputar a hegemonia mundial com ele.
REFERÊNCIAS
BENEVIDES, Bruno. A uma semana da eleição, Biden tem maior vantagem em 24 anos. 27, outubro, 2020. Acessado em: 28/10/2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/10/a-uma-semana-da-eleicao-biden-tem-maior-vantagem-em-24-anos.shtml.
BBC News Brasil. Como funcionam as eleições presidenciais nos EUA. 21, outubro, 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54633007.
IORIS, Rafael R. Opinion — US Policies towards Latin America: What to Expect from the November Elections. E-International Relations, 13, outubro, 2020. Acessado em: 28/10/2020. Disponível em: https://www.e-ir.info/2020/10/13/opinion-us-policies-towards-latin-america-what-to-expect-from-the-november-elections/.
HERZ, John H. Idealist Internationalism and the Security Dilemma. Cambridge University Press, Vol.2, No 2 (Jan., 1950), pp. 157-180.