
Matheus Barbosa – Acadêmico do 2° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A Guerra do Vietnã ocorreu entre 1959 e 1975 logo depois de outro conflito ser encerrado, a Guerra da Indochina. A Guerra do Vietnã foi um conflito entre dois governos estabelecidos, o do Vietnã do Sul- que tinha o apoio dos Estados Unidos- e o Vietnã do Norte- de orientação comunista e com o apoio da União Soviética. Durante a conferência de Genebra, em julho de 1954, foi definido que o Vietnã seria reunificado a partir de eleições marcadas para ocorrer em 1955, pois, durante a sua independência da França, o país foi divido em duas forças antagônicas.
No entanto, o governo do Vietnã do Sul se negou a participar das eleições que poderia reunificar o Vietnã, alegando que seria impossível ocorrer eleições livres no Vietnã do Norte. Por isso, as duas regiões passaram por várias situações de tensões, como a convocação de milhares de guerrilheiros comunistas no Sul do Vietnã pelo governo do Vietnã do Norte, para se levantar contra o governo de Diem Dinh, líder do Vietnã do Sul. Desse modo, vários ataques ocorreram, os quais, levaram ao início da guerra em 1959.
Os Estados Unidos entrou na guerra com o papel da apoiar o governo ditatorial do Vietnã do Sul, fornecendo armamentos e treinamento militar para os exércitos sul-vietnamitas, principalmente por conta de uma motivação ideológica de impedir o avanço do comunismo, que disputava com o capitalismo pela hegemonia do mundo no cenário de bipolarização do período da Guerra Fria. Ademais, a participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, a princípio, teve um amplo apoio da opinião pública norte-americana, pois era vista e divulgada como sendo um esforço para salva os habitantes do Vietnã e o mundo da crescente ameaça comunista.
Por financiar massacres contra civis em pequenas aldeias vietnamitas, sob a alegação de abrigarem guerrilheiros comunistas, pela utilização do uso de napalm e de armas químicas, a participação americana na guerra acabou chocando a opinião pública americana e mundial.
Desse modo, o cenário violento dos combates e o crescimento no número de soldados americanos mortos, desencadearam protestos nos Estados Unidos pelo fim da guerra, e esses fatores pressionaram o presidente Richard Nixon a negociar um cessar-fogo com o governo do Vietnã do Norte, que foi assinado em 27 de janeiro de 1973, oficializando a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã.
O cinema tentou captar esse sentimento de horror da guerra. Nessa perspectiva, o filósofo francês Jean Paul Sartre lembrou que é necessário “tentar compreender particularmente a intenção genocida do governo americano na guerra contra o Vietnã” (SARTRE, 1970, p.430). Talvez, o cinema seja uma resposta para esses questionamentos que muitos se fizeram, mostrando de forma visceral o que foi este conflito.
No filme ”Fomos heróis”, do diretor americano Randall Wallace, é abordado o visual do passado através das construções do cotidiano das pessoas que viveram sobre o conflito bélico entre o Vietnã do norte e o Vietnã do Sul. Nele, é possível perceber que os aviões tornaram-se a “cavalaria dos norte-americanos”, e foram usados pela primeira vez no combate. Além disso, o filme também evidencia o preconceito racial na sociedade norte-americana, até mesmo dentro do exército, usando como exemplo, as lavanderias que não lavavam roupas de negros, mesmo eles sendo norte-americanos e em luta pelo país no Vietnã.
Desse modo, o enredo desenvolve a ideia de que nenhum homem é só um soldado, pois, trata-se de pais, irmãos, maridos e filhos. No entanto, ele tem a sua implicação restrita nos soldados norte-americanos e mostra como o belicismo é uma “forma” de manter a posição hegemônica dos Estados Unidos, porque eles se desenvolveram de forma intensa no momento em que ocorre o predomínio da força militar sobre a força política.
Com a saída americana da guerra, as forças comunistas iniciaram ataques ofensivos, que resultaram, em 1975, na conquista da cidade de Saigon, capital do Vietnã do Sul, derrubando o governo sul-vietnamita, que ficou enfraquecido com a saída dos Estados Unidos do conflito. Não tardou para que o conflito tivesse fim e o Vietnã fosse unificado e governado pelos comunistas a partir de 1976.
Portanto, a Guerra do Vietnã colocou em xeque a ideia dos Estados Unidos como defensor de valores morais universais, tanto internamente como externamente. Estima-se que por conta da guerra, os Estados Unidos tiveram 58 mil baixas, o Vietnã do Sul sofreu cerca de 225 mil baixas e o Vietnã do Norte perdeu cerca de 1,1 milhão de soldados.
Referências:
COSTA, Thiago. A guerra do Vietnã e sua representação no cinema. [2019] disponível em:<https://www.bdm.unb.br/bitstream/10483/22869/1/2018_ThiagoCostaTeixeiraPelucioSilva_tcc.pdf>
SILVA, Daniel Neves. “O que foi a Guerra do Vietnã?”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-a-guerra-vietna.htm. Acesso em 27 de outubro de 2020.