Jorge Malheiros – acadêmico do 6° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

O filósofo Immanuel Kant, acreditava que os Estados constitucionais, por serem racionais, se respeitariam de forma mútua e, consequentemente, alcançariam a paz perpétua. Esse pensamento nos dá uma visão geral da ideia do liberalismo clássico.  A vertente teórica liberal, diferente da realista, é mais otimista em relação à natureza humana, pois, afirmam que a razão prevalece nas relações, e que esta pode ser aplicada nas questões internacionais. Embora tal ideia seja bem estabelecida, os indivíduos, segundo os pressupostos da teoria, podem ser egoístas e competitivos até determinado ponto, mas, o que fará que com esse estado de competição seja superado são os interesses em comum, assim, esses convictos colaboram para as práticas de cooperação. Dessa forma, a corrente teórica se adaptou através das novas condições do sistema, indo além do realismo, compreendendo o sistema internacional com os seus diversos atores e não somente o Estado (JACKSON; SORENSEN, 2018).

Para o liberalismo sociológico, vertente teórica do pensamento liberal, especificamente, as relações internacionais vão além das relações interestatais, principalmente, as transnacionais. O autor James Rosenau (apud JACKSON; SORENSEN, 2018) define essas relações como um fenômeno de redirecionamento das relações internacionais conduzidas pelos governos através de interações entre grupos, sociedades, causando um forte impacto no cenário internacional. Para o autor Karl Deutsch (apud JACKSON; SORENSEN, 2018), as relações transnacionais podem incentivar as relações pacíficas, pois, é possível uma comunidade de segurança, ou seja, um grupo onde seus membros se tornaram integrados, pode compreender que os seus problemas podem ser resolvidos sem recorrer ao conflito direto.

A Organização das Nações Unidas foi fundada em 1945, após a segunda guerra mundial. A primeira conferência ocorreu em São Francisco, nos EUA, e 51 países se reuniram na ocasião para assinar a Carta das Nações Unidas, que entrou em vigor em 24 de outubro do mesmo ano, tornando-se o dia oficial da organização. Desde então, a organização vem contribuindo em diversas áreas.  Em especial, agindo sobre questões de direitos humanos, desenvolvimento sustentável, paz e segurança, governança e entre outros assuntos. Para cumprir os seus objetivos, a ONU possui diversas ferramentas e estratégias, como o conselho de segurança, o qual, está destinado a debater sobre a existência de ameaças à paz, e a assembleia geral, que é um espaço deliberativo onde ocorre reuniões regulares entre os seus 193 membros para expressarem as suas opiniões. A ONU também faz uso da diplomacia preventiva e mediação, com o objetivo de evitar conflitos no meio internacional. A organização também é proativa para a manutenção da paz e suas operações são focadas em proteger civis, ajudar no desenvolvimento de processos constitucionais legítimos, proteger e promover os direitos humanos (ONU, 2015?).

Percebe-se que o sistema internacional se tornou mais complexo com o surgimento dos novos atores surgiram. Por isso, a Organização das Nações Unidas surge como um espaço de negociação e ferramenta de manutenção da paz. Apesar de não possuir a soberania, tal qual um Estado-nação, ela contribui significativamente, não apenas para que as relações internacionais ocorram de forma harmoniosa, mas também, atua em diversos campos, contribuindo para o desenvolvimento humanitário. Portanto, a ONU mostra, que enquanto houver assuntos que os atores internacionais reconhecem, como a existência de problemáticas que necessitam de ações conjuntas, entender a diplomacia, as negociações e as mediações é de suma importância, pois, esses são caminhos mais efetivos para a resolução de conflitos no sistema internacional.

REFERÊNCIAS:

ONU. What we do. 2015?. Disponível em https://www.un.org/en.

JACKSON, Robert. SORENSEN, Georg. Introdução às Relações Internacionais: Teorias e abordagens. 3° ed., rev. e ampl. Rio de janeiro: Zahar, 2018.