William Monteiro RochaDoutor em Relações Internacionais, Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Internacionalista. Professor do curso de Relações Internacionais da UNAMA.

Tendo recentemente completado seu primeiro centenário, o campo de estudo das Relações Internacionais é relativamente novo, se compararmos as ‘oitocentistas’ ciências políticas, econômicas e sociais. O real desenvolvimento das RI, enquanto campo de estudo distinto se deu apenas no final da década de 1930 quando se adensou a produção teórica na área, mais distanciada de um idealismo normativo (que cunhou seu nascimento) e mais “fortalecida metodologicamente com estudos mais empíricos e realistas” (CARR, 2001, p.11). Para além do embate Idealismo e Realismo, que notadamente marcou o inicio da disciplina (e ainda se faz presente e traz consigo novos e velhos seguidores), o panorama mundial atual oriundo do pós-Guerra fria e fortemente influenciado pela Globalização, está passando por diversas transformações em suas estruturas políticas, econômicas, sociais e consequentemente, na dinâmica do sistema internacional. Transformações essas, propícias a diversas análises por parte de muitos teóricos que, há algum tempo direcionam esforços na explicação de uma nova ontologia e até mesmo denominação para se compreender esse período marcado pelo fenômeno recente da Governança global.

O estudo das Relações Internacionais contemporâneas direciona análises em função das significativas transformações que marcaram a formação do sistema internacional, seja em decorrência do fim da Guerra Fria, ou, seja como resultado da intensificação e irreversibilidade do fenômeno da globalização. Robert Keohane e Joseph Nye começam seu importante livro acerca dos novos direcionamentos na Política Mundial com o seguinte excerto “We live in an era of interdependence” (KEOHANE; NYE JR, 1989, p. 11). A era da interdependência descrita pelos autores, diz respeito ao cenário cada vez mais globalizado e interdependente, onde são abertos novos campos de análise e teorias que busquem entender e explicar as variáveis que compõem o novo sistema internacional. HELD&MCGREW (2001) complementam que os Estados contemporâneos se configuram gradualmente como espaços fragmentados de decisões políticas, amplamente influenciados e permeados por redes transnacionais, as quais acabam por alterar em grande parte sua dinâmica tradicional. Como exemplo a isso, cabe mencionar a ampliação da agenda de atuação nas relações internacionais contemporâneas em assuntos como cultura, direitos humanos, sociedade e meio ambiente.

E quem melhor para acompanhar a complexidade e intensidade desses “novos tempos”, “novos debates” e “novas agendas” que o/a profissional de Relações internacionais ? Em 2020, o curso de R.I. da Universidade da Amazônia – UNAMA chega ao seu 15º ano de atividades na região norte, em especial, na cidade de Belém. Um curso que acompanhou a evolução da área, dinamizou suas atividades de ensino, pesquisa e extensão e é uma referência na região. Dentre inúmeras atividades do curso, o “Dia do Internacionalista” é uma das mais tradicionais. É uma atividade que a 10 anos reúne, congrega, estimula e direciona à importância da área, apresenta possibilidades de atuação, traz relatos de antigos e exitosos alunos e alunas, tal como, reforça a vitalidade do curso na UNAMA e na região. 

Quem diria que um curso, uma área iniciada no País de Gales, na Universidade de Aberystwyth chegaria até a Amazônia? Pois o Mundo precisa, O Brasil precisa e a Amazônia precisa de mais Internacionalistas. Que o dia 26 de Setembro fique marcado em comemoração a esse profissional, mas principalmente, que reforce a missão e a importância dele em distintos âmbitos: na diplomacia, nas organizações internacionais, nas empresas, nas agências e redações, no comércio exterior, nos governos, na academia, mas principalmente, no Mundo, buscando equalizar diferenças, promover um mínimo entendimento, uma Paz possível, negociando, estimulando o desenvolvimento, tal como, respeitando e promovendo culturas.

Referências:

CARR, Edward H. Vinte Anos de Crise. Brasília, IPRI – Ed. UnB. 2001 

HELD, David; McGREW, A. Prós e contras da globalização. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

KEOHANE, Robert. O.; NYE Junior, Joseph. S. Power and Interdependence, 2. ed. [s.l]: Harper Collins Publishers, 1989