Maria Bethânia Gomes Galvão – acadêmica do 2º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

No Distrito da Ossétia do Norte na Rússia, em 2004, ocorria um evento no ginásio de uma escola infantil da cidade de Beslan, durante o primeiro dia do ano letivo tradicional russo que acontece em 1º de setembro. Essa data é muito importante para os familiares, para os professores e para as crianças, pois, simboliza o “Dia do Conhecimento”, quando muitas crianças entram em sua fase pré-escolar, por esse motivo a escola é fechada para festas e cerimônias a fim de receber seus novos integrantes que a partir daí construíram o seu futuro.

A escola ficava localizada a cerca de 48 km da região da Chechênia, onde acontecia a Guerra da Chechênia, um conflito entre a Rússia e essa região, que pretendia separar-se do país e tornar-se independente, contudo, a Rússia não pretendia reconhecer a independência da Chechênia. Tal conflito ocorreu em duas fases: A Primeira Guerra da Chechênia (1991-1996) e a Segunda Guerra da Chechênia (1999-2009), marcada por conflitos bélicos diretos, violência contra civis e ataques terroristas intensos.

Enquanto as famílias e os docentes comemoravam o desfile dos alunos a caminho da escola, um grupo terrorista ligado ao movimento separatista checheno organizaram um atentando contra a escola – conhecido como o “11 de setembro russo”. O objetivo do grupo era de pressionar o governo Russo a retirar as tropas da região e pôr um fim à violência física e psicológica contra os civis chechenos. Os terroristas chegaram no local de Van e atiraram para o alto, amedrontando as famílias a entrarem forçadamente na escola, concentrando todos no ginásio e os prenderam durante três dias nesse local, fazendo cerca de 1.100 reféns que não eram permitidos comer, beber e saírem da vista do grupo. Enquanto prendiam os familiares e os professores, os terroristas ameaçavam explodir o local com bombas, caso os seus pedidos não fossem atendidos.

No documentário, cada dia é relatado com detalhes pelos sobreviventes que perderam amigos, parentes e filhos nesse dia tão perturbador. Os relatos são impressionantes e causam comoção logo de início, e o final do documentário é surpreendente com a revelação dos que conseguiram e não conseguiram sobreviver ao fatídico dia. Nesse segmento, o documentário também revela como ficou o estado psicológico de algumas crianças após o ocorrido, pois, é chocante o trauma que permanece até os dias de hoje para o país e para os envolvidos no caso. Além disso, é válido repensar os movimentos separatistas e a Guerra da Chechênia sob um viés realista, do qual, os Estados não pretendem abrir mão de seu poder e de seus interesses, por isso, eles submetem a população civil à violência cotidiana, o que gera resultados catastróficos contra a si mesmo.

Link do documentário: https://www.youtube.com/watch?v=7Xo4ZypT17Q&t=1s