
Jorge Malheiros – Acadêmico do 6° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A partir do século XVI, as potências mundiais investiam na criação de colônias pelo globo. Em especial, na África, na Ásia e na América do sul. Movidas pelo interesse de expandir e projetar o seu poder, mas, em especial, elas são movidas pela busca dos recursos naturais e pela modernidade, porém, levam consigo a colonialidade (MIGNOLO, 2011). Em contraste ao processo de colonização, surge a corrente teórica do pós-colonialismo, o qual, de forma crítica, reconhece, apesar dos processos de independências e descolonização, que há uma lógica que sustenta as relações entre os países colonizadores e colonizados: a hierárquica, e é totalmente ocidental. Por isso, os pensadores pós-coloniais defendem uma descolonização do pensamento, com a finalidade de resgatar os saberes tradicionais. Nós podemos compreender as práticas coloniais na atualidade através do conceito de Colonialidade do poder, elaborado por Aníbal Quijano, que fez parte do movimento decolonial da américa latina chamado Modernidade/Colonialidade, afirmando que com este conceito, as relações de colonialidade não tiveram o seu fim com o final do colonialismo, mas sim, pr até atualidade através das instituições legitimizadas.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou, nesta quinta-feira (10/09), 10 imagens de satélite que mostram a nuvem de fumaça que já se estende por mais de três mil quilômetros. De acordo com dados do Instituto, entre 1º de janeiro até 16 de agosto de 2018, foram detectados 2.662 focos de queimadas no Amazonas; em 2019, foram 6.315 focos (alta de 147%); e em 2020, subiu para 7.098 focos (alta de 7%), neste mesmo período. Entre janeiro e junho foram 10.395 focos em todo o país, contra 8.821 no mesmo período do ano passado – um crescimento de 17,8%. Junho foi o mês com mais focos em 13 anos. Por isso, é importante percebemos que as queimadas não se iniciam sozinhas, pois, o seu aumento é acompanhado por práticas de grilagens e desmatamento, isso porque o fogo é o instrumento usado para preparar o terreno para a pecuária.
Na primeira metade do mês de agosto, foram identificados 610 km2 de área desmatada, 65% a mais dos alertas do ano anterior. Em relação à problemática, as medidas do governo não são eficientes, pois, apesar do aumento das queimadas, o investimento para o combate de incêndios vem sendo diminuídos. Em 2019, foi esperado um investimento de R$23,78 milhões, mas de acordo com o Portal da transparência, neste ano, caiu para R$9,99 milhões.
A partir do olhar decolonial, nós compreendemos que a Amazônia, apesar de rica de recursos e de culturas, foi colocada junto com os seus povos em uma situação de subalternidade, pois, há instituições que levam em seu âmago a colonialidade. Povos, como os indígenas e os quilombolas, sofrem com o árduo processo de titulação de terras, invasões, desapropriação, violência e tem seus recursos prejudicados por grandes empresas, ocorrendo a todo momento,e consequentemente, afeta o mundo inteiro.
Portanto, sabe-se que a Amazônia é uma fonte de recursos naturais e seu ecossistema é rico, possuindo diversos tipos de espécies de plantas que são usadas em pesquisas para o avanço da medicina. Porém, os incêndios acarretam a extinção de diversas espécies, deixando cicatrizes graves para no ecossistema, impendem o crescimento do chamado sub-bosque e causam a derrubada das enormes árvores que protegem as vegetações rasteira da forte luz solar. Além de prejudicar o solo e extinguir os nutrientes, é uma grande perda para a humanidade, uma vez que, a Amazônia também é responsável por utilizar parte da enorme quantidade de gás carbônico que nós liberamos na atmosfera através de veículos, indústrias… por isso, sem ela, o efeito estufa aumentaria e acarretaria impactos no mundo todo.
Referências:
DE MIGNOLO, WALTER. 2011, The darker side of western modernity: global futures, decolonial options.
BALLESTRIN, Luciana. Modernidade/Colonialidade sem “Imperialidade”? O Elo Perdido do Giro Decolonial. 2017.
LEDA CORRÊA, Manuela. Teorias pós-coloniais e decoloniais: para repensar a sociologia da modernidade.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. A Colonialidade do saber, eurocentrismo e Ciências sociais. Buenos Aires. CLACSO. (2005).
IPAM Amazônia. Queimadas na Amazônia em 2019 seguem o rastro do desmatamento. Disponível em: < https://ipam.org.br/queimadas-na-amazonia-em-2019-seguem-o-rastro-do-desmatamento/ >. Acesso em: 12/09/2020.
G1. Focos de queimadas na Amazônia em junho foram os maiores para o mês nos últimos 13 anos, diz Inpe. Disponível em: < https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/07/01/focos-de-queimadas-na-amazonia-em-junho-foram-os-maiores-para-o-mes-desde-2007-diz-inpe.ghtml >. Acesso em: 12/09/2020.
G1. Fumaça das queimadas se estende por 3 mil quilômetros e atinge Sul e Sudeste. Disponível em: < https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/09/10/fumaca-das-queimadas-se-estende-por-3-mil-quilometros-e-atinge-sul-e-sudeste.ghtml > Acesso em: 12/09/2020.
BASSO, Gustavo. Governo Bolsonaro corta verba para prevenção de incêndios florestais. Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2020/09/12/em-um-ano-governo-bolsonaro-corta-verba-para-brigadistas-em-58.htm >. Acesso em: 12/09/ 2020.