Matheus Castanho Virgulino – Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

“A cidade eterna” é o nome dado à Roma tanto por aqueles que viviam em seus dias mais augustos quanto por aqueles que presenciaram sua queda e tudo o que veio depois. Ela era a capital do maior império que a humanidade havia visto até então, suas fronteiras se estendiam das montanhas da Escócia até os desertos da Arábia, um império que para bem ou para o mal, muitos outros tentariam reivindicar seu legado através da história. No entanto, nada disso poderia ter ocorrido senão pela vida e morte de um homem, o qual, seria considerado o maior dos generais do mundo antigo: Caio Júlio César.

César nasceu em 100 AC no clã dos Julii,, uma das famílias patrícias que dominavam a política da república Romana. Ele tinha a distinção de ser sobrinho de Caio Mário, o cônsul, cujas reformas Marianas ampliaram a profissionalização e número das legiões da república. Roma encontrava-se em um conflito civil entre duas facções rivais, os populares e os optimatas, os quais, defendiam a ampliação dos direitos da plebe e a concentração do governo oligárquico, respectivamente. César, ele era da facção dos populares, e quando os optimatas tomaram o poder sobre a ditadura de Lúcio Cornélio Sula teve que fugir para evitar a execução.

Para escapar da perseguição, Júlio César iniciou sua carreira militar como um mero legionário, depois, conseguindo o posto de tribuno militar e Quaestor na revolta do gladiador Espartaco, apesar de ter vivido em uma relativa pobreza. Dois generais clamavam a vitória após a derrota de Espartaco, Pompeu Magno e Crasso, mas, César conseguiu conciliar os dois e formar o primeiro triunvirato, que foi uma aliança onde César atuaria como cônsul no Senado apoiado pelo prestígio militar de Pompeu e a fortuna de Crasso para servir aos interesses dos dois.

Após os escândalos de corrupção, César teve que se afastar do Senado Romano, recebendo as províncias da Gália Cisalpina, Gália Transalpina e Ilíria para governar, e um acordo foi firmado com o casamento da filha de César com Pompeu, pois, Crasso acabaria morrendo em uma campanha na Pérsia. César, então, iniciou uma das maiores empreitadas militares da história: A conquista da Gália.

Os Gauleses eram um povo Celta que viviam na atual França, e eram rivais históricos dos Romanos desde sua invasão em 390 AC, eram divididos em diversas tribos rivais que competiam entre si, no entanto, muitas tribos eram aliadas de Roma e apresentavam alto grau de romanização. César invadiu a Gália com apenas 4 legiões para apoiar tribos aliadas contra invasores Germânicos na batalha de Megetóbriga e acabaria por expandir a autoridade Romana por todas as regiões da Gália, além de ser o primeiro general romano a atravessar o rio Reno para a Germânia e depois atravessar o canal da mancha e invadir a Grã-Bretanha.

O principal fator do sucesso Romano foi a organização das legiões e a genialidade de César, pois, sua coragem e generosidade inspiravam lealdade e admiração em seus homens, e suas táticas avançadas de combinar a infantaria pesada das legiões com a cavalaria Gaulesa auxiliar deixava pouco espaço para seus inimigos recuarem ou reagir. A maior vitória de César viria no cerco de Alésia em 52 AC, onde 60 mil romanos derrotaram cerca de 200 mil Gauleses comandados por Vercingetórix, rei Gaulês, que havia conseguido reunir diversas tribos para combater os romanos. César escreveu seus relatos da conquista em sua obra militar De Bello Gallico.

O fim da conquista na Gália depois de 8 anos não foi o fim dos problemas de César. O senado sobre controle optimata o declarou como traidor por conta de suas guerras ilegais e demandou que viesse à Roma para enfrentar julgamento. César, ao invés disso, atravessou o rio Rubicão (que marcava a fronteira entre a Itália e a Gália) com suas legiões, e automaticamente, entrou em revolta contra o Estado romano. A enorme popularidade de César com o povo Romano devido às riquezas tiradas da Gália dadas por ele ao público, fez com que Pompeu se sentisse ameaçado pela posição de César e se juntasse como líder das forças do senado.

Esse foi o começo da guerra civil Cesariana, que duraria 4 anos e veria César combater os optmatas através de todo o mediterrâneo, da Espanha até o Egito, e neste último, houve um famoso caso amoroso e aliança com a rainha Cleópatra. Pompeu acabaria por ser executado pelos Egípcios, algo que frustrou muito Júlio César, pois, planejava perdoá-lo, e uma atitude como esta fez com que muitos de seus oponentes se rendessem, entre eles estava Bruto, o qual, via-o quase como uma figura paterna. Os subsequentes anos viram César ser nomeado como ditador perpétuo da república romana, onde implementou diversas mudanças importantes, entre elas, uma reforma agrária para os cidadãos empobrecidos e a aceitação de Galeses romanizados no senado. Porém, o medo da possibilidade de César querer se coroar rei de Roma, algo visto como sacrilégio para a própria república, fez com que uma conspiração surgisse para o seu assassinato. César foi esfaqueado 27 vezes em 15 de março de 44 AC durante uma sessão do senado, e a última facada sendo feita por Bruto, o que fez com que as últimas palavras do ditador fossem “até tu minha criança?”.

O legado de César seria vasto, pois, as suas campanhas mais que dobraram os territórios Romanos, e com sua morte, morreria a república Romana, iniciando assim, a série de eventos que levaria a ascensão de Augusto e o nascimento do império. César viria a ser cultuado como um Deus, fazendo com que seu nome virasse sinônimo de majestade, mas, os subsequentes imperadores buscaram imitá-lo, como os imperadores Alemães, que se chamavam Kaiser ou os Russos Czar.

Referências:

PLUTARCO. AS VIDAS DE ALEXANDRE E CÉSAR, 4° EDIÇÃO. Editora Nova Fronteira, 2016.

GOLDSWORTHY, Adrian. EM NOME DE ROMA. Editora Crítica, 2016.