Tattered American flag flies across the street from Wyckoff Heights Medical Center during outbreak of coronavirus disease (COVID-19) in New York

Larissa Schoemberger – acadêmica do 5° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

Já que o 4 de julho está próximo, por que não pensar um pouco em como estão os EUA no meio internacional? Que são uma superpotência econômica todos já sabíamos, mas será que eles ainda conseguem se manter nessa posição? Não é de hoje que se vem levantando estudos sobre o declínio dessa hegemonia.

Os Estados Unidos, por um longo tempo, sempre mantiveram (e ainda mantêm) uma posição de destaque no cenário mundial, tornando-se centro da atenção mundial. Mas em um mundo cada vez mais politicamente globalizado, a manutenção do poder se faz gradativamente mais complexa e interconectada, o que exige que os players se articulem melhor dentro desse jogo para conseguir desequilibrar essa balança de poder ao seu favor e se tornar, ou se manter no caso do Estados Unidos, como potência hegemônica.

Nye (1998) explica que existem três formas de como os atores internacionais podem usar esse poder: Soft Power, que faz o uso da persuasão para conseguir o que se deseja, o Hard Power, que usa a força bélica (normalmente usados por Estados) para conseguir o que se quer, e Smart Power, que seria a soma do soft e hard power para atingir seus objetivos.

Pode-se observar que no governo Trump houve um declínio do soft power e uma preferência pelo hard power. Desde o início do seu governo é pregado o lema America First (América Primeiro) fortemente. Mediante aos acontecimentos recentes, essa não parece ser a melhor posição a ser adotada, repercutindo de forma negativa no cenário internacional e causando um terceiro grande choque para a hegemonia dos Estados Unidos, desde a crise financeira de 2008 (NOGUEIRA, 2020).

 Nos últimos anos, devido a sua ascensão, a China é vista como uma ameaça à liderança mundial, a qual os americanos tanto amam. Mas de acordo com os chineses, a lógica de poder-hegemonia é totalmente baseada na experiência histórica dos países do ocidente, o que não se aplica a ela, e afirmam que o sistema de governança global atual do ocidente está em conflito com a balanço de poder mundial contemporâneo (NOGUEIRA, 2020).

De acordo com Paulo Nogueira (2020), ex-vice-presidente brasileiro do Banco de Desenvolvimento estabelecido pelos BRICS em Xangai e ex-diretor do FMI em Washington, o declínio da hegemonia estadunidense “será lento e gradual, como foi o declínio da hegemonia inglesa entre o final do século 19 e a Segunda Guerra Mundial”. Ainda prevê que o cenário para as próximas décadas mais provável será de um mundo cada vez mais multipolar, porém marcado fortemente por um desgaste gradual, que ainda vai ter muito presente a influência dos Estados Unidos e, em contrapartida, o crescente poder da China. Segundo Paulo, “o eixo do poder econômico e político continuará se deslocando do Atlântico Norte para o Leste da Ásia – processo que pode ser acelerado por choques como o que estamos experimentando em 2020”.

Por fim, podemos concluir que o declínio da hegemonia dos Estados Unidos tem se acelerado devido as medidas duras adotadas pelo governo Trump, que ficaram mais rígidas após o surto da pandemia, afastando aliados que apoiavam seu governo dentro da comunidade internacional. Se Trump não mudar suas medidas de hard power, as suas chances de conseguir se reeleger nas eleições desse ano são mínimas, já seu concorrente à eleição Joe Biden parece saber usar bem estratégias de smart power lhe dando 14 (quatorze) pontos de vantagens na eleição (MARS, 2020).

REFERÊNCIAS

KEOHANE, Robert; NYE, Joseph. Power and Interdependence in the information age. Foreign Affairs, v. 77, n. 5, pp. 81-94, 1998.

MARS, Amanda. Biden decola nas pesquisas contra um Trump enfraquecido pela crise. El País, 26 de junho de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-06-26/biden-decola-nas-pesquisas-contra-um-trump-enfraquecido-pela-crise.html. Acesso em 01 de julho de 2020.

NOGUEIRA, P. Geopolítica da crise mundial: declínio da hegemonia americana e ascensão chinesa. Jornal do Brasil, 18 de maio de 2020. Disponível em: https://www.jb.com.br/pais/artigo/2020/05/1023811-geopolitica-da-crise-mundial–declinio-da-hegemonia-americana-e-ascensao-chinesa–1.html. Acesso em 30 de junho de 2020.