Giovanna Lima – Acadêmica do 5° Semestre de Relações Internacionais da UNAMA
No dia 28 de junho de 2020, Anne Hidalgo do Partido Socialista venceu as eleições municipais de Paris e se reelegeu como prefeita da cidade até 2026. A francesa de origem espanhola obteve cerca de 50% dos votos vencendo as candidatas do partido conservador “Os Republicanos”, a ex ministra Rachida Dati, e do partido “A República em Marcha”, Agnès Buzyn, partido do Presidente francês Emmanuel Macron que foi derrotado em grandes cidades do país.
Um dos principais autores das Relações Internacionais é Andrew Linklater. O teórico nasceu na cidade de Aberdeen, Escócia, em 1949 e atualmente é professor de Política Internacional na Aberystwyth University. Linklater é o principal autor da Teoria Cosmopolita das Relações Internacionais. Esta teoria advém da Teoria Crítica que teve sua origem na Escola de Frankfurt. O cosmopolitismo de Linklater veio para aumentar o escopo das Relações Internacionais que deixariam de se limitar a teoria estatocêntricas.
Nesse contexto, Linklater afirma que as pessoas tendem a criar barreiras, sejam elas as fronteiras nacionais, ou de gênero, raça, classe, entre outros. Desse modo, em sua teoria, o autor defende a criação de princípios éticos e morais universais. Assim, este teórico propõe uma cidadania mundial, ou seja, uma pessoa não se limitaria mais a um território delimitado por fronteiras, pois ela agora seria um cidadão do mundo.
Além da ideia de cidadania global, a teoria cosmopolita também defende valores como a liberdade, tolerância, igualdade, preservação do meio ambiente, entre outros que Linklater defende que devem se tornar universais.
Entretanto, além dos três meses de adiamento das eleições, esta também foi marcada pelo recorde em abstenções. No meio de uma pandemia, com o país se aproximando dos 30 mil mortos pelo vírus, apenas 40% dos eleitores compareceram às urnas o que levou muitos políticos a se preocuparem, inclusive o atual presidente Emmanuel Macron.
Porém, a crise causada pelo coronavírus também trouxe de forma mais enfática uma agenda internacional que já está sendo debatida há anos, a proteção ambiental. Uma das principais pautas na campanha de Hidalgo é a redução dos carros na capital francesa, que geralmente fica engarrafada e portanto, incentivar o uso de bicicletas ou ir a pé.
Outro ponto a se destacar na reeleição da prefeita é o fato dela ser socialista em uma Europa que recentemente passou por uma guinada a direita. Muitos foram os países que elegeram candidatos de direita e até extrema direita para o seu governo como foi o caso da Hungria e da Itália.
Percebe-se, portanto, que por ser um cidadão do mundo, o indivíduo deve preservar e cuidar da natureza, uma vez que todos são da mesma espécie e o planeta é um bem comum a todos. Desse modo, de acordo com o cosmopolitismo de Linklater que também considera a natureza, a ecologia é uma das prioridades dos cidadãos que não são limitados por uma fronteira nacional. Bem como os valores universais que o autor defende também consiste nesses indivíduos trabalharem pela igualdade, liberdade e bem comum como uma de suas obrigações.
Assim, a reeleição de Anne Hidalgo mostra a força que a pauta ambiental tem ganhado no mundo. A prefeita não é a única atualmente que tem a ecologia como seu principal foco na campanha, também há ministros ambientalistas em países como a Finlândia, Áustria e Suécia.
Referência
LINKLATER, Andrew. Men and Citizenry in the Theory of International Relations. Segunda edição. Londres: Palgrave Macmillan, 1990.
BASSETS, Marc. Ecologistas vencem eleições municipais francesas, marcadas por abstenção recorde. Disponível em: < https://brasil.elpais.com/internacional/2020-06-29/ecologistas-vencem-eleicoes-municipais-francesas-marcadas-por-abstencao-recorde.html >. Acesso em: 30 de junho de 2020.
PAR LES DÉCODEURS. Résultats des élections municipales à Paris : visualisez la nette victoire d’Anne Hidalgo. Disponível em: < https://www.lemonde.fr/les-decodeurs/article/2020/06/29/municipales-visualisez-la-nette-victoire-d-anne-hidalgo-avec-58-9-des-sieges-au-conseil-de-paris_6044525_4355770.html >. Acesso em: 30 de junho de 2020.