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Gabriel Monteiro – acadêmico do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

A produção militar sempre foi foco das grandes potências no sistema internacional. Um poderio bélico exorbitante no cenário global representa força e poder, além do respeito de demais países. O teórico neorrealista Kenneth N. Waltz (1979) desenvolveu essa ideia, que os Estados são unidades, logo, são soberanos, e possuem uma capacidade relativa. Deste modo, os Estados sempre buscam manter a sua autonomia e sua capacidade relativa – o seu poder força – no sistema internacional.

A atual pandemia do novo vírus COVID-19 trouxe grandes estragos na economia mundial para as diversas partes do globo, sejam países centrais ou periféricos. Uma das áreas afetadas foi a área da segurança dos países, a sua produção bélica. Vários fatores corroboram para a queda da demanda dos investimentos em armamento durante o tempo de pandemia que vivemos.

O jornal The Diplomat (2020) afirma que há cinco grandes pontos de impacto nessa área, sendo eles respectivamente: instalação de produção/fabricação, esforço de desenvolvimento de negócios, demanda dos produtos, escolhas difíceis por parte das empresas e a queda nos preços das ações.

O foco mundial dos Estados e Organizações Internacionais (OIs) é de conter o avanço do vírus, o que repensa a ideia de segurança por partes dos governos, já que países gravemente afetados pela pandemia terão de voltar seus gastos para a área da saúde, como é o caso dos Estados Unidos. Por conseguinte, a página de notícias de defesa, Defense News (2020), mostrou que devido ao novo vírus, fábricas mexicanas que abasteciam a indústria de defesa estadunidense foram fechadas.

Analisando a potência militar norte-americana, a maior do mundo, é visto o impacto causado na sua indústria bélica devido ao novo coronavírus. Nos Estados Unidos, segundo a Mordor Intelligence, os gastos militares são considerados a segunda maior alocação no orçamento federal, com o aumento previsto em 5% até 2025, mostrando que mesmo em uma crise de saúde pública global, os EUA não almejam perder o posto de hegemon e de maior potência bélica.

Para Waltz (1979), em um sistema tipo self-help tanto o sucesso quanto o fracasso das unidades políticas dependem unicamente de seus próprios esforços, pois cada Estado tende a buscar a sua sobrevivência. Sendo assim, a estrutura do sistema sempre forçará as unidades a manterem suas capacidades relativas para garantirem sua sobrevivência, sua autonomia e consequentemente seu status quo.

Referências

WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. New York: McGraham Hill, 1979.

Mordor Intelligence – Mercado de defesa dos Estados Unidos – crescimento, tendências e previsões (2020-2025), 2020 [Internet] Disponível em: <https://www.mordorintelligence.com/industry-reports/united-states-defense-market>. Acesso em: 24 de jun, 2020.

The Diplomat – Como a COVID-19 afetará a indústria de defesa, 2020 [Internet] Disponível em:  <https://thediplomat.com/2020/03/how-covid-19-will-impact-the-defense-industry/> . Acesso em: 24 de jun, 2020.

Defense News – A COVID fechou fábricas mexicanas que abastecem a indústria de defesa dos EUA. O Pentágono quer que eles sejam abertos, 2020 [Internet] Disponível em: <https://www.defensenews.com/2020/04/21/covid-closed-mexican-factories-that-supply-us-defense-industry-the-pentagon-wants-them-opened/>. Acesso em: 24 de jun, 2020.