Iago Braga – acadêmico do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
O assunto da saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação (MEC) para umas das instituições mais importantes do atual regime financeiro internacional, o Grupo Banco Mundial (BM), ganhou a manchete de inúmeros veículos de notícias no Brasil. Segundo nota (DINIZ; BRAGA, 2020), Weintraub foi indicado pelas autoridades brasileiras para Diretor Executivo, representando o grupo em que o Brasil se situa.
O BM é um dos componentes essenciais para compreender o sistema internacional pela perspectiva da Teoria Neoliberal. A linha teórica foca na capacidade de comunicação e cooperação dos Estados por meio do estabelecimento de instituições internacionais, cuja solidez se dá em proporção direta ao acúmulo de interesses mútuos entre esses atores (SARFATI, 2005, p. 156).
Um dos teóricos mais importantes dessa corrente, Robert Keohane (1989 apud SARFATI, 2005, p. 157), define essas instituições como um conjunto normativo de práticas consensuais que, de alguma forma, constrangem determinadas ações dos Estados. Ainda segundo o autor, as instituições podem se apresentar como entidades internacionais, governamentais ou não, regimes internacionais, regras explícitas acordadas entre os Estados, ou convenções, práticas espontâneas e informais entendidas implicitamente entre esses governos.
Outrossim, o Banco Mundial, antes Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, fora criado em 1944, no contexto dos Acordos de Bretton Woods, acompanhando desde lá mudanças em aspectos medulares do sistema monetário internacional (MRE, 2013?). Por mais de 70 anos, o papel dessa organização foi o de auxiliar países em seu desenvolvimento e em sua reconstrução mediante à cooperação e ao apoio financeiro em áreas como agricultura, educação e comércio (WORLD BANK, 2014?).
Além disso, sendo formado por 198 membros, o BM é representado por cada integrante em uma Assembleia de Governadores. Esses integrantes também podem eleger 25 Diretores Executivos que irão supervisionar as tratativas do banco e apontar um Presidente para o Grupo (WORLD BANK, 2015?).
Nesse sentido, encara-se essa organização como indispensável para a governança dos atores no sistema, sendo uma instituição internacional basilar nas relações econômicas entre os Estados. Entretanto, a predileção de Abraham, um ex-ministro que coleciona escândalos e demonstrou total incapacidade para lidar com a sua pasta (MARINS, 2020), para um cargo de tamanho calibre em uma instituição de tal relevância apenas demonstra o declínio que as relações exteriores do Brasil estão sofrendo. Doravante a convocação de um personagem que não representou em sua atuação o papel de cooperação, fundamental para sua posição, resta aos demais países do grupo em que o Brasil se encontra o veto ou a aprovação.
REFERÊNCIAS
DINIZ, E.; BRAGA, J. Comunicado do Banco Mundial sobre a posição de Diretor Executivo para o Brasil. World Bank, 19, junho, 2020. Disponível em https://www.worldbank.org/pt/news/statement/2020/06/19/world-bank-statement-executive-director-brazil-position. Acesso em 20 de junho de 2020.
MARINS, C. Weintraub pode ser considerado ilegal e deportado dos EUA, diz especialista. UOL, 20, junho, 2020.
MINISTÉRIO das Relações Exteriores. Banco Mundial. 2013? Disponível em http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/120-banco-mundial. Acesso em 21 de junho de 2020.
SARFATI, G. Teoria das relações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
WORLD Bank. History. 2014? Disponível em https://www.worldbank.org/en/about/history. Acesso em 20 de junho de 2020.
_____________. Organization. 2015? Disponível em https://www.worldbank.org/en/about/leadership#. Acesso em 20 de junho de 2020.