Aventuras na História · Atenas vs. Esparta: O fim da Guerra do Peloponeso

Paulo Victor Azevedo – Acadêmico do 3° Semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A Guerra do Peloponeso foi uma disputa hegemônica no mundo helênico, um conflito cujas ramificações iriam impactar toda a história do mundo grego, e que acabaria por pavimentar o caminho para a conquista dos macedônios e romanos.

Em 433 A.C, após a segunda invasão persa da Grécia, Atenas vivia a sua era de glória por conta das alianças com as cidades que faziam parte da chamada Liga de Delos, usada pelos atenienes para construir e fortalecer seu império marítimo e, nesse sentido, diversas outras cidades-estado se sentiram ameaçadas por conta de tal poder exercido por Atenas. 

Nesse sentido, de forma especial a cidade de Corinto via a sua posição no Mar Egeu mais ameaçada, e por isso, juntamente a outras cidades-estado, alinhou-se a um adversário que não aceitaria entregar o poder nas mãos dos atenienses. Conhecida por ter o melhor exército do mundo antigo, Esparta era líder da Liga do Peloponeso. O resultado foi uma guerra incessante entre as duas grandes nações gregas.

Esparta tinha um exército terrestre imbatível, mas uma guerra não se dava apenas em espaço terrestre, e a marinha de Atenas era imponente. O exército espartano seguiu rumo a Atenas visando uma ofensiva direta, destruindo campos que abasteciam a cidade, visando uma rendição mais rápida do inimigo. Prevendo tal ação, Péricles retira os camponeses das redondezas de Atenas e os coloca dentro das fortificações, fazendo com que a estratégia espartana não obtivesse sucesso. Enquanto isso, Atenas usava a sua marinha para fazer bloqueios marítimos das rotas rumo à península do Peloponeso.

Durante a guerra, atenienses obtiveram duas grandes vitórias em batalhas navais no ano de 429 A.C, mesmo estando em menor número de soldados. Um exemplo disso foi a batalha naval em Pilos. Em 425 A.C, houve a batalha de Esfactéria, na qual, cercados e sem esperança de vitória, os espartanos se rendem pela primeira vez na história. Depois dessa humilhação, Esparta propõe um acordo de paz, que é recusado pelo general Cléon. Este voltou à Atenas sendo idolatrado depois desse episódio.

Após a derrota nas batalhas de Pilos e Esfactéria, Esparta reage em um ataque surpresa contra Atenas, no qual ocorreram diversas mortes, inclusive a de Cléon, sendo tal vitória decisiva. O general Nícias e o rei de Esparta selaram o tratado de Nícias, que consistia em 50 anos de trégua.

Essa foi a maior guerra que o mundo Helênico havia visto e, como em todas as guerras, as consequências econômicas para as cidades-estado foram severas, deixando-as enfraquecidas. No campo das Relações Internacionais, tal guerra obteve grande relevância, sendo estudada por teóricos importantes como Tucídides, falando do sistema de alianças entre as cidades-estado.

Referências:

Tucídides; História da Guerra do Peloponeso; Prefácio de Helio

Jaguaribe; Trad. do grego de Mário da Gama Kury. – 4′. edição – Brasília: Editora Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001

XLVII, 584 p., 23 em – (Clássicos IPRI, 2)

TUCLES, ateniense, pai de Eurímedon, III, 80, 91; fundador de Naxos, VI, 3.

XENARES, éforo em Esparta, V, 36, 37, 38, 46; outro lacedêmonio, V, 51.

XENÔCLODES, coríntio, I, 46; III, 114.