Maria Eduarda Diniz – acadêmica do 5° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Em um período de extensa proliferação de fakes news e de constantes ataques, por parte de setores de vários governos pelo mundo, à liberdade de imprensa, The Post, de Steven Spielberg é uma opção mais do que necessária para estes momentos. Durante esta semana, uma série de artigos e vídeos foram lançados pelo Internacional da Amazônia, por conta do Dia Internacional da Imprensa, no dia 01 de junho e, portanto, The Post – a Guerra Secreta, é essencial a este momento.
O filme trata de um caso real que aconteceu em 1971, e segue Meryl Streep no papel de Kat Grahan, a dona do The Washington Post, e Tom Hanks, interpretando Ben Bradlee, editor chefe do jornal, em um momento decisivo para a liberdade de imprensa nos Estados Unidos. O The Washington Post está prestes a lançar ações na bolsa de valores de Nova York, buscando impulso financeiro, enquanto o seu editor chefe busca o próximo grande furo para alavancar de vez o jornal local, até que o The New York Times começa uma série de publicações revelando planos secretos do governo americano na guerra do Vietnã e o, então, pequeno jornal precisa decidir entre se unir com o The New York na disputa judicial pela publicação do material, ou ficar quieto sobre o caso e obedecer às autoridades de segurança.
O que aconteceu com o jornal de Nova York desestabiliza a rotina das pessoas que trabalham no The Post, principalmente sua dona e seu editor, enquanto Kat pesa todas as questões jurídicas e econômicas envolvidas no caso, Ben fica num dilema moral entre seguir alguns de seus métodos poucos ortodoxos ou não fazer nada e causar menos problemas aos demais colegas. O longa é cheio de diálogos bem elaborados e planejados, monólogos importantíssimos e tiradas humorísticas muito inteligentes fazendo o espectador questionar como se protege as bases da democracia, com tempo de tratar de outros temas sociais importantes, como a questão de gênero, simbolizada pela personagem de Kat, com o cargo mais alto no jornal, algo pouco acessível a mulheres nos anos 70.
Em alguns momentos, o filme é um pouco raso, deixando um sentimento de “quero mais” ou “explique melhor”, porém isso pode ser explicado pelo pouco tempo que Spielberg determinou para si e para sua equipe, um ano, para que o longa ficasse pronto ainda em 2017, para concorrer ao Oscar de 2018, em pleno governo Donald Trump. O filme, ainda assim, carrega a dose certa de sátira e de realidade, com os dois grandes atores da obra, Meryl Streep e Tom Hanks, não ofuscando os demais atores coadjuvantes que também representavam bem o teor do filme, que se propôs não só a discutir o valor da liberdade de imprensa, mas também a dificuldade do trabalho de um jornalista e como deveria ser mais valorizado.
Carregado de verdades importantes, The Post entra para a lista de filmes essenciais para a valorização do jornalismo sério e da defesa da liberdade de imprensa, uma das bases da democracia moderna