Eduardo Oliveira – Acadêmico do 5º semestre de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia
O denominado Realismo Ofensivo ou Neorrealismo das Relações Internacionais tem sua origem nas alegações dispostas pelo teórico estadunidense John Mearsheimer. O autor, teorizando dentro do paradigma primeiro das RI – o Realismo – identifica como ator principal a figura do Estado-nação, tendo este como principal atributo o revisionismo decisional.
Em nível macropolítico de análise, Mearsheimer se mantém como um dos perpetuadores da ideia de que, estruturalmente, o ser humano está condicionado às atividades conflitivas, portanto, se o conflito é inerente ao homem, consequentemente será às suas atividades. Desse modo, a característica anárquica do Sistema Internacional somada a imprevisibilidade das ações dos estados gera, inexoravelmente, o que os realistas chamam de Dilema de Segurança, o qual torna-se perceptível desde os escritos de Tucídides.
Frente a isso, Mearsheimer acredita que o comportamento característico dos Estados para garantir auto sobrevivência é a superação do status quo, adotando medidas que potencializam suas áreas de influência dentro do Sistema Internacional. Mesmo que para ele nenhuma potência consiga chegar a ser uma Hegemonia Global, a característica hegemônica regional é possível.
Mediante o advento da Revolução Técnico-científica Informacional, o poder da internet e suas diversas redes reconfiguraram as relações de poder dentro das arenas de decisão a nível internacional. O boom do investimento tecnológico estadunidense a partir da década de 1970, somado com os atentados de 11 de setembro, ascenderam um novo tipo de disputa, a Guerra Cibernética.
Nesta modalidade, um novo tipo de exército é visível, o virtual. Soldados, na verdade são especialistas em tecnologia de informação, e podem combater a milhares de quilômetros de distância dos alvos de maneira anônima. (ARRAES; GEHRE, 2013, p.108). A invasão de servidores, bem como a extração de informações confidenciais são capazes de desregular todas as bases político-econômicas de um país, empresas e/ou bolsas de valores; sendo os ‘soldados’ capazes, portanto, de atacar direta ou indiretamente os seus alvos, dando início a uma nova modalidade de conflito.
Pode-se definir guerra cibernética como um estado de coisas em que o poder militar utiliza meios, estratégias e ferramentas no ciberespaço para alcançar seus objetivos. Tal definição ampara-se na concepção mais ampla de poder cibernético, ou Cyber Power (SHELDON, 2013).
Foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas o dia 17 de maio como o Dia da mundial da Internet. Mesmo sendo uma homenagem a principal ferramenta que regula o andamento das atividades humanas no século XXI, o dia não diz muita coisa. A partir disso, foi idealizado pela Rede Insafe, o Dia Mundial da Internet Segura, apregoando medidas que garantam a conscientização sobre os riscos existentes no ambiente online.
É fulcral o entendimento de que a constituição de qualquer realidade está fundamentalmente estruturada a partir do modus operandi utilizado para atingir determinado objetivo. Dessa forma, é evidente que o fenômeno da guerra está presente desde o início das interações humanas e que vem sendo o principal instrumento de alcance a objetivos pessoais ou comunitários. Destarte, o ato de guerrear não é meramente vencer combates, mas assegurar a consecução de um objetivo, definido previamente.
Dessa forma, mediante o embasamento teórico positivista de Mearsheimer, podemos adaptar seus pensamentos para a conjuntura atual, a qual é caracterizada pela interconectividade e Glocalização. Mearsheimer discorre sob a lógica de conflitos clássicos, a partir da importância de territórios físicos. Mesmo assim, sua teoria abrange o âmbito da Guerra Cibernética a medida que afirma a constante tentativa dos Estados Nacionais em potencializarem seus poderes e áreas de Influência.
Àquele que detém, além do poder bélico, o poder de utilizar ferramentas no mundo virtual de maneira precisa, detém enorme possibilidade de se tornar um princípio regulador fortíssimo capaz de superar o status quo proposto como um desafio por Mearsheimer. A concluir, teorias necessitam de reformulações e reestruturações para se manterem vivas, então, a conjugação do poder material, somado com estratégias tácitas do poder da tecnologia formam uma combinação implacável e estratégica para que um estado garanta a auto sobrevivência e seu poder influenciador no Sistema Internacional.
Referências:
ARRAES, Virgílio; Gehre, Thiago. Introdução ao Estudo das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2013
JATOBÁ, Daniel. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2013
MEARSHEIMER, John J. The tragedy of Great Power Politics. New York: WW. Norton, 2001.
Safernet. Unidos para uma internet mais positiva. Disponível em: https://www.safernet.org.br/site/sid2020/o-que-e Acesso em: 22 de maio de 2020.