Maria Eduarda Diniz – acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Chiyo (Suzuka Ohgo) foi vendida a uma casa de gueixas quando ainda era menina, em 1929, onde é maltratada pelos donos e por Hatsumomo (Gong Li), uma gueixa que tem inveja de sua beleza. Acolhida por Mameha (Michelle Yeoh), a principal rival de Hatsumomo, Chiyo ao crescer se torna a gueixa Sayuri (Zhang Ziyi). Reconhecida, ela passa a desfrutar de uma sociedade repleta de riquezas e privilégios até que a 2ª Guerra Mundial modifica radicalmente sua realidade no Japão.
Memórias de Uma Gueixa é um filme muito querido tanto pelas críticas quanto pela opinião popular. Chiyo, ou Sayuri como passa a se chamar, conta a sua história que é dominada pela beleza, inveja, dúvidas e sobrevivência, com o Japão moderno como pano de fundo, o antes, com seus grandes líderes, generais e empresários, e depois, com um povo assustado, faminto e cercado por americanos. A desventura dessa menina, que se torna uma grande mulher, carrega um passado que corre o risco do esquecimento, com as gueixas desaparecendo e a história se tornando apenas um passado distante.
A palavra gueixa quer dizer artista. No passado japonês, era comum meninas bonitas, normalmente de famílias pobres ou sendo as mais jovens das famílias ricas, serem mandadas para o treinamento de gueixa. Elas eram as amantes da noite japonesa, não se entregavam aos prazeres como as prostitutas, mas, também não tinham liberdade sobre seus corpos e destino. Toda a sua vida era dedicada a arte de encantar e de ser bela. Até hoje, elas são consideradas o símbolo de um passado grandioso para os japoneses, quando eles ainda eram temidos e respeitados, e que se busca retomar nos tempos atuais. Enquanto as gueixas do passado pertenciam a noite e ao mistério, as gueixas de hoje pertencem a transparência, buscando não deixar esse legado morrer por completo.
No filme, busca-se mostrar as várias faces do Japão antes da Segunda Guerra Mundial através da protagonista: uma criança pobre, com as marcas da desigualdade de classes, que se torna a gueixa mais famosa do Japão, até que a guerra leva seu encanto embora e ela ressurge tentando restaurar o que um dia, foi. Através da progressão da protagonista, que recebe várias reviravoltas do destino, é possível conhecer um pouco a história do povo japonês, antes, durante e depois do Grande Trauma. Apesar de baseado em uma história real, a narrativa leva o espectador como em um sonho, com diálogos pausados e reconfortantes, conectando quem está assistindo à história. Busca-se dar uma imagem etérea a esse passado cercado de tecidos, jóias e sacrifícios.